Trombose: alerta para a gravidade da doença

 Dr. Márcio Lobato: “a trombose é uma condição séria que ainda recebe pouca atenção, dificultando seu diagnóstico precoce”

Foto: Divulgação

O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose foi celebrado em 16 de setembro como forma de chamar a atenção da sociedade para uma condição que ainda recebe pouca visibilidade, mas que pode trazer sérias consequências, como derrame cerebral, infarto, embolia pulmonar e até amputações.

Caracterizada pela formação de coágulos que impedem o fluxo normal do sangue nas veias ou artérias, a trombose está associada a fatores como idade avançada, histórico familiar, obesidade, câncer, uso de anticoncepcionais combinados ao tabagismo, cirurgias, imobilidade prolongada e gestação. Para se ter ideia da gravidade dessa doença, o Ministério da Saúde registrou mais de 75 mil casos de trombose em 2024, e apenas nos primeiros seis meses de 2025, já foram contabilizados mais de 36 mil novos diagnósticos.

Esse cenário se reflete em histórias como a da jornalista Márcia Sad, 37 anos, que descobriu há poucas semanas que estava com trombose e conta que os primeiros sinais foram sutis. “Começou com uma mancha vermelha na parte interna da coxa esquerda, que doía ao toque. Depois de três dias, a dor desceu para a panturrilha, quando comecei a ter dificuldades para andar”, relata. O diagnóstico foi confirmado por exame de Doppler, que identificou trombose em duas veias da perna esquerda.

Márcia permaneceu internada por três dias e iniciou tratamento com anticoagulantes ainda no hospital. “Era uma dor como se o músculo estivesse repuxando e latejava bastante. Ficou um pouco inchado, mas foi a dificuldade para caminhar que me fez procurar a emergência”, relembra. Hoje, ela encara a doença como um alerta para o autocuidado. “Não sei ao certo se a trombose foi por conta da cirurgia que fiz na vesícula, pelo uso de anticoncepcional ou pela obesidade. Mas o que mais me surpreendeu foi perceber que é essencial conhecermos os sinais do corpo e buscarmos ajuda ao notar algo diferente. Pode acontecer com qualquer um, a qualquer momento”, observa.

Dia de conscientização – Para marcar o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, Márcia reforça a importância da atenção aos sintomas: “esteja atenta aos sinais do corpo e procure um médico assim que notar algo fora do normal. Quanto mais cedo o tratamento começar, melhores serão os resultados”. Após a experiência, ela mudou hábitos: “vou continuar a medicação por seis meses, fazer exames de rotina, parei com o anticoncepcional e voltarei a praticar exercícios físicos para melhorar a circulação”.

Para o presidente da SBACV, Dr. Armando Lobato, relatos como o de Márcia reforçam a importância da data. “A trombose é uma condição séria que ainda recebe pouca atenção, dificultando seu diagnóstico precoce. Iniciativas como o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose são fundamentais para lembrar a população da importância de cuidar da saúde vascular, estar atento aos sinais do corpo e buscar acompanhamento médico regular”, afirma, destacando cinco dicas para prevenir a trombose:

1. Mexa-se com frequência – Evitar longos períodos sentado é fundamental para reduzir o risco de trombose venosa profunda (TVP). Levante-se e caminhe a cada 1h/2 horas, alongando-se e ativando as panturrilhas, por exemplo, elevando calcanhares e pontas dos pés. Durante voos, prefira assentos no corredor e faça pausas para caminhar. Em viagens de carro, programe paradas regulares para alongamento e movimentação.

2. Mantenha hábitos saudáveis – Praticar atividade física regularmente, manter boa hidratação e controlar o peso são medidas que ajudam a prevenir a TVP. Além disso, é importante evitar o tabaco e o consumo excessivo de álcool, que aumentam o risco de complicações trombóticas.

3. Meias de compressão graduada – Em situações de risco, como voos com mais de quatro horas, o uso de meias de compressão graduada pode ser recomendado. Estudos clínicos mostram que elas ajudam a reduzir a ocorrência de TVP assintomática em viagens longas. Para que sejam eficazes, devem ser utilizadas com orientação médica e no tamanho correto.

4. Avalie o risco após cirurgias ou imobilizações – Pessoas que passaram por cirurgias, internações prolongadas ou imobilizações, como uso de gesso, devem solicitar avaliação médica para identificar o risco de TVP. A profilaxia inclui estratégias como deambulação precoce, dispositivos mecânicos e, quando indicado, anticoagulação, contribuindo para a redução de eventos trombóticos.

5. Conheça fatores de risco e sinais de alerta – É fundamental reconhecer fatores de risco como, cirurgia recente, imobilização, câncer, gravidez ou puerpério, uso de hormônios com estrogênio e histórico prévio de TVP. Fique atento a sinais de alerta, incluindo dor ou inchaço assimétrico nas pernas, calor e vermelhidão local. Procure atendimento imediato se houver falta de ar súbita ou dor torácica.

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