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Trombose:  causa, prevenção e tratamento

Dr. Ronaldo Fidelis: “o risco maior de desenvolver trombose venosa se dá principalmente nas viagens mais longas (com duração a partir de 5 horas), diante da impossibilidade de andar ou movimentar as pernas”.

O mês de junho marca o início de um período em que as longas viagens dominam os roteiros familiares, sobretudo por pessoas que buscam aproveitar o São João em cidades do interior ou em outras capitais do Nordeste. No entanto, é importante ter alguns cuidados durante a viagem, seja de avião ou longas viagens de carro e ônibus, principalmente para evitar o risco da trombose venosa profunda. Embora muitos não se preocupam com isso, existe uma série de hábitos típicos de viagem, que podem ser prejudiciais. O alerta é necessário já que mais de mil pessoas já foram internadas e 127 morreram de trombose na Bahia em 2023. Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado – SESAB, os números referentes às internações por embolia e trombose arterial nos hospitais da rede estadual registraram um aumento de 28,9%, entre 2019 e 2022.

De acordo com o angiologista e cirurgião vascular Ronald Fidelis, de Salvador/BA, o risco maior de desenvolver trombose venosa se dá principalmente nas viagens mais longas (com duração a partir de 5 horas), diante da impossibilidade de andar ou movimentar as pernas nesse período. O frio, característico de algumas regiões nessa época, também contribui para a condição. Esses fatores, somados com a desidratação, acabam fazendo com que o sangue coagule dentro da veia da perna.

Síndrome dos viajantes – A má circulação dos membros inferiores, quando associada a fatores genéticos, obesidade, diabetes, sedentarismo, hipertensão e tabagismo, pode causar a trombose venosa profunda. Neste caso, o problema é também conhecido como síndrome dos viajantes. O Dr. Ronald Fidelis explica que, “como as poltronas de aviões e ônibus são apertadas, limitam a mobilidade do passageiro, dificultando a circulação e favorecendo, assim, a formação, de trombos nas pernas, geralmente nas veias da panturrilha, podendo também se alojar nas coxas. De modo mais raro, nos membros superiores”.

Sintomas – Como principais sintomas da trombose venosa profunda, “nós temos as dores nas pernas, membro mais avermelhados ou próxima ao roxo, formigamento e adormecimento. Importante ressaltar também que o problema pode estar oculto, sendo diagnosticado apenas através de exames específicos”, observa.

Uma das principais preocupações para os pacientes que desenvolveram a trombose venosa profunda é que o coágulo se desprenda da veia e se mova pela circulação até o pulmão, causando embolia pulmonar. A longo prazo há risco de varizes e insuficiência venosa crônica, desencadeada pela destruição das válvulas do interior das veias, responsáveis por levar o sangue venoso de volta ao coração.

Os adultos têm maior propensão à trombose. No caso de pessoas mais jovens, o cuidado deve ser ainda maior entre aquelas com condições preexistentes, a exemplo da obesidade e sedentarismo. “Mas se falamos de uma pessoa não obesa, não cardiopata, que leva uma vida ‘normal’, essa preocupação em torno da prevenção da trombose deve existir a partir dos 40 anos. Outro ponto importante é que as mulheres, em função dos hormônios, possuem uma pré-disposição maior à condição”, alerta.

Orientações – Diante deste quadro, o angiologista dá algumas orientações que podem ajudar os viajantes. Entre elas, caminharem pela aeronave ou ônibus, inclusive na ida ao banheiro, porque ajuda a melhorar a circulação, se hidratarem mais (a hidratação contribui para prevenir o aparecimento de trombose). Como explica, “a água afina o sangue e diminui o risco da formação de coágulos. Orienta também a se sentarem no corredor para facilitar a movimentação, usarem meia elástica e evitarem bebida alcoólica, café e medicamentos que estimulam o sono”.

Outra recomendação importante é a realização de pequenas pausas no trajeto em casos de viagens feitas de carro. “As paradas em postos de gasolina podem ser importantes não apenas para reabastecer os automóveis ou se alimentar, mas, também, para movimentar e estimular o corpo, melhorando a circulação”.

Tratamento – O objetivo do tratamento da trombose venosa profunda é evitar a progressão e o surgimento de novos sintomas, e, com o tempo, o próprio organismo ir ajudando a absorver os trombos, melhorando a circulação. Para isso, são administrados anticoagulantes, que podem ser de diversos tipos. Eles possuem o objetivo de inibir os fatores de coagulação, podendo ser utilizados em casa, sem necessidade de internação, logo após o diagnóstico.

Existem ainda outras drogas, que devem ser usadas com mais cuidado, como as fibrinolíticas, que agem dissolvendo os coágulos. No entanto, por apresentar mais complicações o medicamento é administrado em ambiente hospitalar.

Já em casos em que o paciente apresenta dor, desconforto ou edema, após realizar uma viagem de avião, ônibus ou carro, é de extrema importância buscar um angiologista ou cirurgião vascular para que se possa identificar o problema o mais rápido possível. “O cirurgião vascular ou angiologista é o médico habilitado a fazer o exame e o diagnóstico. A partir disso, ele irá definir o tratamento correto para diminuir as chances de o paciente ter complicações graves”, ressalta.

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