Peter Libby, coordenador de estudos mundiais que abriram caminho para o desenvolvimento de novas terapias para prevenir e tratar doenças cardiovasculares, será um dos palestrantes do Congresso da SOCESP
A 43ª edição do Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP, que acontece nos dias 8, 9 e 10 de junho no Transamerica Expo Center, em São Paulo, terá um Simpósio Conjunto com a International Atherosclerosis Society. O presidente da IAS, Peter Libby, considerado um dos maiores pesquisadores da cardiologia, conduzirá os debates sobre a patogênese da aterosclerose, que é uma das principais causas de doença cardíaca e acidente vascular cerebral. O professor Libby é conhecido por um trabalho pioneiro na compreensão do papel das células inflamatórias no desenvolvimento da aterosclerose e na identificação de moléculas-chave envolvidas no processo inflamatório.
Peter Libby foi entrevistado pela também cardiologista Maria Cristina Izar, que é diretora da SOCESP e professora da Unifesp, e adiantou os temas e achados que irá abordar no evento. Ele irá falar sobre o atual arsenal terapêutico como estatinas, inibidores de PCSK9, ezetimiba e o ácido bempedóico e também sobre o risco residual que persiste: “há mais risco devido à inflamação mediada pela proteína C-reativa de alta sensibilidade do que devido ao LDL. Portanto, o risco inflamatório residual é uma grande necessidade médica não atendida”, afirmou Libby na entrevista. O professor irá abordar ainda a interleucina-1 beta como uma molécula importante na inflamação associada à aterosclerose, a interleucina-6 e recentes estudos com a colchicina que “pode reduzir eventos cardiovasculares em pessoas com infarto bastante recente e pessoas com uma fase mais crônica de doença arterial coronariana”, completou.
O professor de medicina da Harvard Medical School, que é chefe do Departamento de Medicina Cardiovascular do Brigham and Women’s Hospital em Boston, Massachusetts, destacou a importância da prevenção e conscientização dos fatores de risco entre a população. “Precisamos pensar na prevenção primária e trabalhar em equipe para buscar um estilo de vida mais saudável. Estarei em São Paulo e espero correr no Ibirapuera e ver gente de todas as idades se exercitando e cardiologistas, entre eles. Mas uma das coisas que aprendi, e que tem sido uma mudança em nossa profissão, é a relação menos paternalista entre o público e pacientes e médicos e cardiologistas. Temos que buscar um modo de tomada de decisão mais compartilhado. E assim me tornei muito mais humilde à medida que ganhei experiência com a prática. Acho que envolver os pacientes em uma conversa de tomada de decisão conjunta e aceitar seu sistema de crenças, sem tentar impor o nosso, pode ajudar muito a reconstruir a confiança do público com a medicina e os médicos. Algo que foi um aprendizado durante a pandemia e nos ajudará a tentar colocar nossos pacientes nos melhores comportamentos preventivos”, afirmou Peter Libby.
O professor, que tem fluência em língua portuguesa, completou que está muito ansioso para reencontrar amigos, “praticar português e realmente participar de um encontro científico e médico de altíssimo nível”, afirmou. O Congresso da SOCESP está entre os cinco maiores do mundo, juntamente com os dois congressos americanos, American Heart e American College, o Congresso Europeu e o Brasileiro.
“As descobertas do professor Libby e muitas outras ajudaram a esclarecer os mecanismos subjacentes à aterosclerose e abriram caminho para o desenvolvimento de novas terapias para prevenir e tratar doenças cardiovasculares. Será um privilégio os colegas brasileiros poderem trocar experiência com o professor”, resume Cristina Izar.