O paciente Luciano Flausino, de 47 anos, que veio de Araxá/MG; “se eu não tivesse sido acolhido pela Casa de Saúde eu não estaria aqui hoje, vivo. Essa vaga era para o meu pai, mas como ele estava intubado não pôde ser transferido e não resistiu”. (crédito foto: Matheus Campos)
O Vera Cruz Casa de Saúde, em Campinas, comemorou nesta sexta-feira (02/04), a milésima alta de paciente curado da Covid-19. Luciano Flausino, de 47 anos, veio de Araxá (MG) para se tratar na unidade, que é referência no combate da doença. Internado desde o último dia 9, o fazendeiro perdeu o pai para a doença, enquanto estava intubado no interior de São Paulo. A alta do paciente foi marcada por muita emoção dos profissionais que estão na linha de frente ao combate à pandemia. Desde março do ano passado, o Vera Cruz Casa de Saúde mantém um espaço dedicado ao atendimento às vítimas do novo coronavírus: em 12 meses, mais de 20 mil pessoas foram atendidas.
“O hospital onde meu marido havia sido internado em Perdizes (MG) não possuía leito de UTI, por isso, decidimos prontamente, trazê-lo para Campinas. Um dia depois ele precisou ser intubado. Na mesma data, eu testei positivo para Covid e precisei me isolar por 14 dias no hotel onde estava hospedada, sozinha e com muito medo. Meu sogro veio a óbito na mesma semana e muita coisa passava pela minha cabeça”, conta a esposa, Cristiane Silva Oliveira. “A equipe médica me auxiliou diariamente fornecendo informações sobre o estado de saúde dele e nos tranquilizando. Foram anjos e heróis. Nossa eterna gratidão. Viemos sabendo que o Vera Cruz era referência em atendimento e hoje temos certeza disso, foi espetacular. Finalmente vamos para casa, mas essa equipe vai deixar saudades”, disse. Em Araxá, os gêmeos Caio e Enzo, de 7 anos esperam ansiosos a volta do pai.
“O Luciano é nossa milésima alta, nossa milésima emoção e a certeza de que estamos vencemos as batalhas e vamos vencer a guerra. Em nome de toda a nossa equipe, desejamos que seu retorno para casa nesta Sexta-Feira Santa possa dar a certeza de renascimento a ele e a sua família”, comemora Erickson Blun, diretor-presidente do Vera Cruz Hospital.
14 dias intubado – A médica clínica Carla Lucero participou da recuperação de Flausino. “Quando o paciente chegou à Casa de Saúde, ele já demandava uma alta quantidade de oxigênio e estava bastante cansado. Através de uma tomografia, decidimos enviá-lo para a UTI, onde ele precisou ser intubado por 14 dias. Foi um quadro grave, com 75% de acometimento do pulmão. Quando ele já havia retornado para a enfermaria, tivemos que dar a notícia de que ele havia perdido o pai. Foi uma grande luta, mas que trouxe um novo significado para a sua vida”, afirmou Carla. “Vê-lo sair daqui hoje, saudável e esperançoso é o que nos dá forças para continuar. O último ano marcou as nossas carreiras, mas, com comprometimento, união e excelência, conseguimos devolver mil pessoas para as suas famílias”, comemora a intensivista.
“Se eu não tivesse sido acolhido pela Casa de Saúde eu não estaria aqui hoje, vivo. Essa vaga era para o meu pai, mas como ele estava intubado não pôde ser transferido e não resistiu. Minha esposa me convenceu a vir. Foi muito difícil para todos nós, mas esses médicos tomaram decisões que me salvaram. Serei eternamente grato a toda a equipe”, agradece o paciente.
“É impressionante chegarmos na alta mil de pacientes confirmados com Covid-19. Estamos há um pouco mais de um ano dedicados a curar essas pessoas em um centro referenciado do Vera Cruz. São mil vitórias. É muito gratificante poder checar até aqui, mesmo com tantos desafios. Apesar de estarmos enfrentando uma nova pandemia, e com os sistemas de saúde sobrecarregados no mundo todo, temos certeza de que os profissionais da linha de frente têm feito um trabalho brilhante. Além disso, é importante ressaltar que o Luciano veio até nós sabendo que somos referência no tratamento da doença. Um paciente jovem, com uma situação complicada, mas que venceu”, disse o diretor técnico do Vera Cruz Casa de Saúde, Bruno Gonçalves de Campos Araújo. “Nessa segunda onda, temos pacientes muito mais novos e casos muito mais graves do que no primeiro momento da pandemia, quando foram acometidos mais idosos. Apesar da nossa luta ainda continuar, somos muito gratos”, completou o médico.