O cardiologista Henry Abensur: “decidi fazer Medicina em torno dos meus 15 anos de idade. Admirava a profissão de médico”.
Na época dos nossos pais, a relação médico/paciente era muito estreita. Eles praticamente faziam parte da família. Com a evolução da Medicina e o surgimento de subespecialidades, esta relação tornou-se fragmentada.
No entanto, se conhecermos um pouco o médico que nos atende além da Medicina, vamos nos surpreender ao descobrir sua dedicação, sua abdicação, seu esforço, sua generosidade e todo o tempo gasto em estudos e na busca do seu aprimoramento profissional para, no final, nos atender, ajudar seus pacientes e a salvar vidas.
Ao entrevista-los sobre suas vidas, descobrimos aspectos admiráveis e curiosos que enriquecem a nossa relação com eles. Daí, a razão deste espaço, inaugurado com o ginecologista Walter Pace.
Agora, o Portal Medicina e Saúde publica uma segunda entrevista em “VIDA DE MÉDICO”, desta vez com o Dr. Henry Abensur, nome expressivo da Cardiologia brasileira. Ele é formado em 1983 pela Universidade de Medicina da USP/SP, fez Residência em Clínica Médica e Cardiologia no HC da USP e no INCOR. Tem especialização em Ecocardiografia e Doutorado em Cardiologia pelo INCOR. Atualmente, Dr. Henry é responsável pelo Serviço de Ecocardiografia da Beneficência Portuguesa de São Paulo, onde atua desde 1996, e atende também em consultório. Exercendo todas essas atividades, ele é ainda Diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo-SOCESP .
Nessa entrevista, Dr. Henry fala de sua formação, desafios, concorrência, rotina de trabalho, apoio da família e seu trabalho nesse tempo de pandemia, entre outros aspectos da profissão médica.
Dr. Henry, quando e por que o senhor decidiu fazer Medicina?
Decidi fazer medicina em torno dos meus 15 anos de idade. Admirava a profissão de médico. Tinha e ainda tenho grande interessante e amor pela profissão. O fato de poder ensinar também foi importante para mim, em minha vida profissional. Já tenho mais de 150 especializando em ecocardiografia no Brasil inteiro.
Houve alguma influência, de quem?
A minha maior influência foi o apoio dos meus pais.
Quais os desafios que encontrou no início de sua carreira?
Tive um início de carreira tranquilo. Fui logo contratado como assistente no INCOR e abri meu consultório logo após a residência. Dei plantões em bons hospitais. Em 1996 fui chamado para chefiar o setor de Ecocardiografia da Beneficência Portuguesa de São Paulo, onde estou até hoje.
Fazer cursos no exterior abriu novas possibilidades no Brasil para senhor?
Minha formação foi toda no Brasil. No exterior, acompanhei vários congressos internacionais e já dei aulas no Uruguai e no Peru.
Como é a sua rotina de trabalho hoje?
Beneficência Portuguesa- Laboratório de Ecocardiografia pela manhã. Consultório privado a tarde. Aulas teóricas para os especializandos terças, à noite. Plantões a distância noturnos e nos finais de semana para cobertura de emergência em ecocardiografia.
Quais as diferenças entre o curso de Medicina de sua época e o atual?
Tive um excelente curso de Medicina na Universidade de Medicina da USP entre 1978 a 1983. Completo com internato. Hoje, sinto que os alunos ficam espalhados em várias unidades fora de sua faculdade e às vezes sem orientação. Menos teoria e prática.
Em outras palavras, a formação era melhor?
Sim, nossa formação era mais sólida.
Hoje o aluno tem mais visão humanística ou mais visão mercadológica?
Tem pouca visão humanista e má visão mercadológica.
A concorrência é muito grande? Como se destacar?
Para se destacar o aluno deve ter um maior envolvimento com seus preceptores no início da carreira, procurar – com muito interesse e perseverança, recuperar falhas curriculares através de muito estudo. Deve procurar também ter uma visão da Medicina alicerçada em bases científicas sólidas. Além de muita leitura, deve ter uma visão de conjunto e de união com todas as pessoas envolvidas no ensino, no atendimento dos pacientes e com os gestores. Tratar com amor e carinho os pacientes e seus familiares.
Em tempo de pandemia, como está a sua vida profissional?
Minha atividade profissional não foi abalada com a pandemia. Continuo trabalhando normalmente no Laboratório de Ecocardiografia da Beneficência Portuguesa de São Paulo e em meu consultório. Houve uma queda de volume no início da pandemia, mas depois foi voltando ao normal.
Quais as principais mudanças nesses novos tempos?
No Laboratório de Ecocardiografia tivemos que intensificar o uso de EPIs. Temos rotina específica para Enfermaria e UTI de Covid 19. Temos cuidados redobrados com ecocardiograma transesofágico. Posso dizer que me sinto mais seguro no hospital do que fora dele.
No consultório também fiz todas as medidas de segurança para o atendimento dos meus pacientes, que na maioria são idosos.
Como é o apoio de sua família?
Sempre tive o apoio incondicional dos meus pais, que já são falecidos. Tive a sorte de ter feito toda minha formação, inclusive na Faculdade de Medicina com meu único irmão na mesma classe. Somos gêmeos univitelinos. Tenho apoio da minha esposa, que é filha de pai médico.
O que poderia dizer para os jovens colegas que estão no caminho da Medicina?
Façam esta profissão por amor a arte da Medicina, tenham muito respeito para com o ser humano, tenham interesse na ciência, se mantenham atualizados e tenham momentos de descontração com familiares e amigos.
Por último, gostaria de saber o que o senhor faz para relaxar? Tem algum hobby?
Faço muitas caminhadas com meu irmão nos finais de semana. Gostava de frequentar restaurantes, bares, teatros e cinema. Meu hobby é planejar e executar viagens de férias.