Dra. Júlia Ribeiro: “de causa ainda desconhecida, estudos demonstram uma predisposição individual, que pode ser familiar, ou agravada por fatores psicológicos, como o estresse, como foi o caso da influenciadora Virginia Fonseca”
Na última semana, a influenciadora digital Virginia Fonseca dividiu com seus mais de 43 milhões de seguidores no Instagram que está com rosácea grau 1 desencadeada por estresse. “Fui ao dermatologista e descobri ontem que tenho rosácea. Fico com o rosto vermelho quando estou estressada. Sinto a pele quente por dentro, parece que está pelando”, explicou. O diagnóstico da influenciadora ocorreu justamente em abril, mês de conscientização sobre a doença.
De acordo com a dermatologista Júlia Ribeiro, de Salvador/BA, embora muitas pessoas desconheçam, a rosácea é uma enfermidade crônica da pele que, apesar de não ter cura, tem tratamento e pode ser controlada para que o paciente conviva bem com o problema. “Ela é uma enfermidade vascular inflamatória crônica da pele, bastante comum, que, geralmente, começa como uma tendência à vermelhidão no rosto”, explica a especialista.
Existe uma classificação com quatro tipos de rosácea: eritematotelangectasica, onde há vermelhidão e dilatação de pequenos vasos na face; papulopustulosa, em que, além da vermelhidão e vasos aparentes, há lesões semelhantes à acne; fimatosa, quando a pele fica espessada, com textura irregular, especialmente no nariz (rinofima); e rosácea ocular, quando, além da pele, ela atinge os olhos, causando irritação, vermelhidão e edema”, explica a dermatologista.
Causa desconhecida – A origem da rosácea ainda não é conhecida. No entanto, há uma predisposição individual, que pode ser familiar, bem como agravada por fatores psicológicos, como o estresse – como foi o caso da influenciadora Virginia Fonseca.
De acordo com a Dra. Júlia Ribeiro, “há influência de fatores psicológicos, ambientais e alguns alimentos. Sol, calor, vento, alimentos muito condimentados, estresse, bebida alcoólica (especialmente vinho tinto), alguns medicamentos e exercícios físicos são possíveis gatilhos para quem tem rosácea, podendo desencadear ou piorar o quadro. No entanto, eles variam de um paciente para outro. Nesse sentido, é importante estar sempre alerta aos sintomas principais: vermelhidão, pele sensível, ardência, pinicação e lesões parecidas com acne”, destaca.
Tratamento – Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), apesar de não haver cura para a rosácea, existe tratamento e controle com muitos avanços recentes. No entanto, é necessário considerar a fase clínica em que o paciente está: se apresenta mais o eritema periódico ou o persistente, se mais pápulas, nódulos ou rinofima (hipertrofia do nariz).
O tratamento inclui fotoproteção, medicamentos tópicos, e por vezes orais, e lasers para melhorar a vermelhidão e os vasos dilatados. Além disso, é importante eliminar ou ao menos controlar possíveis fatores agravantes ou desencadeantes, como bebidas alcoólicas, exposição solar, vento, frio e ingestão de alimentos quentes. “Essas medidas ajudam a reduzir ou mesmo eliminar os sinais dela na pele, melhora o desconforto e previne a piora”, aponta a Dra. Júlia, chamando a atenção para a necessidade de buscar o médico dermatologista para a indicação de um tratamento adequado.
Conforme informa, “existem diversas opções terapêuticas, sejam elas tópicas ou sistêmicas, disponíveis aos pacientes. Elas são indicadas para as diversas apresentações clínicas da doença e apresentam respostas satisfatórias”.