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Viagens longas, atenção redobrada com a saúde vascular

Longos períodos imóveis, desidratação e mudanças na pressão atmosférica podem desencadear problemas circulatórios

Foto: Divulgação

As tão esperadas férias podem esconder riscos silenciosos para a saúde vascular. A combinação de longos períodos imóveis, desidratação e mudanças na pressão atmosférica cria o cenário ideal para problemas circulatórios que vão desde inchaços desconfortáveis até casos graves de trombose venosa.

A Dra. Haila Almeida, de São Paulo/SP, médica cirurgiã vascular e fundadora do Instituto Alphaveins, clínica especializada em saúde vascular, aponta que os riscos são subestimados pela maioria das pessoas. “Muitos acreditam que problemas vasculares em viagens afetam apenas idosos ou pacientes com doenças crônicas, mas vemos cada vez mais casos em jovens aparentemente saudáveis”, alerta.

O Sedentarismo é considerado um risco comparável ao tabagismo, pois aumenta a chance de infarto, AVC, hipertensão e diabetes tipo 2. Um estudo realizado no ano passado pela UK Biobank, empresa de banco de dados biomédicos de larga escala e pesquisa, com 89.530 pessoas, mostrou que passar mais de 10,6 horas por dia sentado eleva o risco de insuficiência cardíaca em 40% e de morte cardiovascular em 54%, mesmo entre quem faz 150 minutos semanais de atividade física.

De acordo com a médica, o problema começa com a imobilidade prolongada. “Quando ficamos sentados por mais de duas horas seguidas, a panturrilha – nosso ‘coração venoso’ – deixa de bombear sangue adequadamente. Em voos, a pressão reduzida da cabine e a desidratação tornam o sangue mais viscoso, o que potencializa o risco.”

Para quem vai viajar, a Dra. Haila recomenda:

Antes da viagem:

  • Iniciar hidratação ao menos 24 horas antes do voo;
  • Ingerir 35 ml de água por quilo de peso corporal diariamente nesse período 

Durante o voo ou trajetos longos:

  • Realizar exercícios simples a cada 30 minutos para reduzir em até 70% o risco de complicações vasculares;
  • Movimentar os pés como se estivesse acelerando um carro;
  • Contrair ritmicamente as panturrilhas para manter a circulação;
  • Utilizar meias de compressão graduada (preferencialmente modelos discretos e tecnológicos, apropriados para climas tropicais);
  • Evitar uso indiscriminado de medicamentos para dormir, pois reduzem a movimentação espontânea durante o sono e aumentam o tempo de imobilidade vascular.

Para famílias viajando com crianças, o alerta é redobrado. “Cadeirinhas automotivas e assentos de avião podem comprimir a circulação das pernas dos pequenos. É fundamental fazer pausas a cada duas horas em viagens terrestres e estimular as crianças a se movimentarem durante voos”, acrescenta a Dra. Haila.

Sinais de alerta pós-viagem incluem dor persistente em uma das pernas, inchaço assimétrico ou mudança na coloração da pele. “Qualquer um desses sintomas, especialmente se aparecerem até cinco dias após a viagem, exige avaliação médica imediata”, reforça a especialista.

Com a popularização das viagens de longa distância e o aumento do turismo internacional, a especialista defende que os cuidados vasculares devem ser parte do planejamento de qualquer trajeto. “Assim como nos preocupamos com passaportes e vacinas, precisamos incluir a saúde vascular na nossa lista de preparativos”, conclui a médica.

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