Cirurgias convencionais x cirurgias robóticas
À medida que a tecnologia segue atrelada às atualizações e aprimoramentos constantes da área da saúde, novas técnicas e soluções têm contribuído exponencialmente para a melhora da qualidade de vida e bem-estar da população brasileira. No âmbito dos procedimentos cirúrgicos, por exemplo, o advento da robótica tem permitido ganhos cada vez mais evidentes, tanto aos pacientes que necessitam passar pelas cirurgias, quanto às equipes médicas, que contam com tais inovações para ampliar o índice de sucesso e otimização do tempo dedicado a essas atividades. No entanto, muitas pessoas ainda têm dúvidas de como seriam realizados esses procedimentos assistidos por robôs. Afinal, essas máquinas operam sozinhas? Por que são importantes? Quais as principais diferenças entre as cirurgias tradicionais e as robóticas?
Conforme apontam diferentes especialistas, o apoio das plataformas robóticas para a realização de procedimentos como as artroplastias de joelho – uma solução aos pacientes que sofrem de artrose severa e necessitam de intervenção para substituir a articulação do joelho por próteses ortopédicas -, tem permitido uma nítida evolução no que diz respeito à precisão e eficiência dessas cirurgias, que passaram a ser feitas de maneira muito mais personalizada, de acordo com a anatomia única de cada paciente.
Segundo o Dr. Mauro Meyer, médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), embora as próteses de joelho tenham ótimos resultados, a maior dificuldade nas cirurgias convencionais é conseguir o alinhamento exato dos componentes durante o procedimento, uma barreira que foi superada com o auxílio do robô.
Conforme explica, “antes o médico faz uma série de cálculos, por exemplo, dos movimentos de rotação do quadril, joelho, tornozelo. O robô soma e cruza esses dados com os dos exames de imagens e analisa como estão os ligamentos, tendões e musculatura. Com a precisão do sistema robótico, temos tido tempos menores de internação, o paciente faz a movimentação do joelho com mais facilidade e isso causa menos dor no pós-operatório, menos uso de analgesia, maior conforto para que o paciente possa ir para casa mais rápido e maior longevidade dessa prótese”. Benefícios e experiências positivas que também são compartilhadas pelo Dr. Afonso Paulo Almeida Magalhães Neto, médico ortopedista e traumatologista, especialista em cirurgia do joelho e ombro nos Hospitais Orizonti e São Lucas, em Belo Horizonte (MG).
Para o Dr. Afonso Neto, “o grande benefício da robótica é a precisão, previsibilidade, segurança, respeito às partes moles e ser um procedimento cirúrgico extremamente personalizada com o melhor resultado para o paciente, tudo isso sem tirar a autonomia do médico. Já realizei mais de 200 cirurgias com o apoio da robótica, desde maio do ano passado, e posso dizer, com segurança, que foi a maior evolução nas artroplastias de joelho dos últimos 20 anos”.
De acordo com Dr. Marco Demange, médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), essa precisão, inclusive, é um dos fatores cruciais para o sucesso desses procedimentos. “A cirurgia colaborativa permite captar informações antes da cirurgia, por meio de exames de imagem especiais como a X-Atlas, uma radiografia panorâmica com esferas metálicas que permitem calcular o tamanho dos componentes da cirurgia, entre eles, a inclinação e o alinhamento das próteses à anatomia óssea, para que o planejamento prévio seja feito em um software exclusivo. Durante a cirurgia, o médico pode captar novamente todos os dados do formato do joelho, especialmente para fazer ajustes finos, de maneira que o sistema robótico colaborativo permita a remoção das saliências ósseas para maior precisão, de forma personalizada para cada paciente”,destaca o profissional.