Meningite: a importância da conscientização sobre a doença
A doença é considerada preocupante e de grande relevância para a saúde pública.
Foto: Divulgação/Salus
Embora a meningite seja mais comumente encontrada em homens, é importante destacar que essa doença pode afetar pessoas de qualquer gênero e idade. É grave e afeta o revestimento protetor do cérebro e da medula espinhal, podendo levar a complicações sérias e até mesmo à morte. Para combater essa ameaça, é fundamental compreender os diferentes tipos e formas de meningite, bem como as medidas preventivas e o papel central da vacinação.
A doença foi primeiramente registrada em 1805, em Genebra na Suíça, quando o médico Gaspar Vieusseux observou um surto na região. No entanto, somente em 1906 a meningite chegou ao Brasil, quando um navio proveniente da Espanha e Portugal atracou no país trazendo imigrantes doentes.
Sua taxa de mortalidade é significativa e pode causar sequelas graves, como surdez, perda de movimentos e danos ao sistema nervoso. As crianças são particularmente vulneráveis. Após o tratamento, é fundamental que os pacientes recebam acompanhamento médico por pelo menos seis meses para monitorar seu progresso e garantir uma recuperação adequada.
Tipos e formas – Os médicos Marcela Rodrigues e Marco César Roque, da Salus Imunizações/ São Paulo/SP, explicam que a meningite pode ser causada por diferentes agentes infecciosos, incluindo bactérias, vírus, fungos e parasitas. Entre os tipos mais conhecidos, destacam-se a meningite bacteriana, viral, fúngica e por parasita. Cada uma apresenta características distintas, sintomas variados e requer abordagens específicas de prevenção e tratamento:
- Meningite bacteriana – Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae tipo b são algumas das bactérias que podem causar meningite bacteriana. Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez de nuca e manchas vermelhas na pele.
- De acordo com a Dra. Marcela Rodrigues, “a meningite bacteriana é uma infecção grave que requer atenção médica imediata. Mesmo com o tratamento adequado, a morbidade e mortalidade associada a essa forma de meningite pode ser elevada. É essencial que a equipe médica esteja atenta e reconheça precocemente os sinais e sintomas clínicos da doença”. Além dos riscos imediatos, a meningite bacteriana também pode causar prejuízos ao longo prazo. Estudos indicam que essa forma de meningite pode afetar a inteligência e o desenvolvimento dos pacientes. Portanto, é fundamental um diagnóstico e tratamento rápidos e eficazes para minimizar essas possíveis sequelas.
- Meningite viral – Embora menos grave do que a meningite bacteriana, a meningite viral ainda representa um risco significativo para a saúde. Essa forma de meningite é causada por vírus, como enterovírus e herpesvírus, e pode ser transmitida através de contato direto com fluidos corporais infectados, como saliva ou muco nasal. Seus sintomas são semelhantes aos da forma bacteriana, mas incluem febre, dor de cabeça, rigidez no pescoço, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e confusão mental. Na maioria dos casos eles tendem a ser mais leves e a doença geralmente se resolve por conta própria, sem a necessidade de tratamento específico. Conforme destaca o Dr. Marco César Roque, “apesar disso, a meningite viral pode causar complicações graves, especialmente em pessoas com sistema imunológico enfraquecido, como bebês, idosos e indivíduos com doenças crônicas. Em alguns casos, podem ocorrer complicações neurológicas, como convulsões, danos cerebrais e problemas de desenvolvimento”.
- Meningite fúngica e por parasita – Menos comuns, essas formas de meningite exigem atenção especial. O combate está relacionado à prevenção das infecções pré-existentes, como evitar áreas endêmicas e tratar adequadamente as infecções fúngicas e parasitárias.
Vacinação – Uma medida fundamental para prevenir a meningite e reduzir sua incidência é a vacinação. Existem diferentes tipos de vacinas disponíveis, cada uma direcionada para proteger contra os agentes infecciosos específicos que podem causar meningite.
No caso da meningite bacteriana, as vacinas mais comuns são as conjugadas, que visam proteger contra os principais sorotipos bacterianos causadores da doença, como Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Neisseria meningitidis (meningococo). Essas vacinas são recomendadas para diferentes faixas etárias, dependendo da vulnerabilidade e risco de exposição.
Para as crianças, o calendário vacinal geralmente inclui vacinas contra pneumococos e meningococos, sendo administradas em várias doses durante os primeiros anos de vida. Por exemplo, a vacina pneumocócica conjugada 13-valente (PCV13) é recomendada para bebês e crianças pequenas, enquanto a vacina meningocócica conjugada ACWY é indicada a partir dos três meses, com reforços em idades específicas.
A vacinação é recomendada também para adolescentes e adultos, em especial aqueles com maior risco de exposição ou maior suscetibilidade à meningite. Por exemplo, a vacina meningocócica conjugada ACWY é indicada para adolescentes e jovens adultos, especialmente aqueles que vivem em dormitórios universitários, militares ou em situações de aglomeração.
É importante seguir as orientações do calendário vacinal estabelecido pelas autoridades de saúde de cada país, pois as recomendações podem variar de acordo com a região e o contexto epidemiológico. Além disso, é essencial manter as vacinas em dia, incluindo eventuais doses de reforço, para garantir uma proteção contínua contra a meningite.
Conscientização – Além da vacinação, é importante ressaltar que a conscientização sobre a meningite e suas formas de prevenção é fundamental. A adoção de medidas de higiene, como lavar regularmente as mãos, usar repelentes de insetos e evitar o compartilhamento de objetos pessoais, também ajuda a reduzir o risco de infecção.
Conforme ressalta a Dra. Marcela Rodrigues, apesar de ser uma doença conhecida há décadas, continua representando um grave problema de saúde com alta taxa de letalidade. No entanto, “graças ao avanço da vacinação e de outras medidas preventivas, temos observado uma redução nos casos registrados. Ainda assim, a meningite é considerada endêmica no Brasil e sua facilidade de contágio pode levar a surtos sazonais na população em geral”, alerta. Nesse sentido, a médica orienta a consultar o seu médico ou serviço de saúde local para receber orientações personalizadas sobre as vacinas recomendadas para a sua faixa etária. “Não podemos negligenciar a importância de estar protegido contra a meningite”, enfatiza.