Novos caminhos no tratamento de tumores cerebrais
Estudos do Instituto de Neurologia de Curitiba atestam segurança e benefícios do uso do corante 5-ALA nas cirurgias de tumores cerebrais.
Foto: Divulgação INC
Centro de referência no tratamento de tumores cerebrais na América Latina, o Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba) vem empregando o corante farmacológico ácido 5-aminolevulínico, chamado de 5-ALA, como ferramenta fundamental nas cirurgias de tumores malignos, favorecendo a eficiência de tratamentos posteriores como irradiação e quimioterapia. Além disso, o INC é o único centro latino-americano, e um dos poucos do mundo, a realizar estudos da associação da cirurgia com fluorescência por 5-ALA com a terapia fotodinâmica intraoperatória (TFD) para pacientes com gliomas malignos.
Em maio, o hospital publicou dois artigos científicos em periódicos internacionais importantes envolvendo 5-ALA: Journal of Neuro-Oncology e revista Acta Neurochirurgica.
O trabalho publicado no Journal of Neuro-Oncology é sobre o uso do 5-ALA em geral, englobando diferentes tipos de tumores (incluindo meningiomas e metástases), e como tem sido uma tecnologia essencial na cirurgia dos gliomas malignos. O artigo versa sobre a segurança, a viabilidade e o impacto custo-benefício baseados na experiência do INC com mais de 700 casos tratados de tumores do sistema nervoso central. Já o artigo da Acta Neurochirurgica mostra os resultados de um estudo prospectivo, avaliando a cirurgia com 5-ALA associada a TFD. Essa pesquisa foi iniciada em maio de 2022.
O artigo do Journal of Neuro-oncology atesta o uso do 5-ALA como seguro, eficaz e viável, inclusive, há várias décadas. “Só que seu custo é proibitivo no mundo inteiro, em média, $1.000 a $3.000 dólares por paciente. O INC usa, há quase 10 anos, por um custo até quatro vezes menor”, explica o neurocirurgião Erasmo Barros, responsável pelos dois artigos e coordenador da Divisão de Neuro-oncologia da instituição. Graças aos esforços contínuos do INC em trazer o 5-ALA da Alemanha, o hospital tem acesso ao corante desde 2015.
Quanto ao trabalho publicado na Acta Neurochirurgica, intitulado “Associação de ressecção guiada por fluorescência do ácido 5-aminolevulínico com terapia fotodinâmica em glioblastoma recorrente: um estudo de corte compatível”, foi demonstrada a eficiência da terapia fotodinâmica aplicada imediatamente após a remoção de um glioma maligno. Através de difusor conectado a uma fonte de luz vermelha, uma reação fotoquímica é gerada, sendo capaz de destruir as células cancerosas residuais que coraram com o 5-ALA. Isto serve como um reforço do tratamento nas margens da cavidade cirúrgica. “O estudo concluiu que a associação de TFD imediatamente após 5-ALA para o glioma maligno recorrente parece estar relacionada à melhor sobrevida de forma prática, segura e sem trazer riscos adicionais”, informa Erasmo Barros, autor dos dois artigos.