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A Medicina Politicamente Correta nas Redes Sociais

Por: Carlos Lopes

Médico, pós-graduado em Nutrologia, CEO e fundador da MEDX Tecnologia, extensão pela Harvard Medical School em Obesidade e Social Media for HealthCare. Cursando desde 2019 o programa de Executive Management pelo MIT. É professor convidado da pós-graduação de Nutrologia do Hospital Israelita Albert Einstein e da Associação Brasileira de Nutrologia/BWS.

           Em um mundo cada vez mais conectado e integrado, as mídias sociais se tornaram uma ferramenta necessária e imprescindível para inúmeras profissões e a Medicina não seria uma exceção. É inegável o seu poder de informar sobre saúde, divulgar conhecimento e técnicas inovadoras, além de também aproximarem do convívio diário os clientes já fidelizados e aqueles em potencial – ou seja, uma excepcional ferramenta de marketing. No entanto essa é uma área em que o médico nunca foi preparado em sua formação, e, mais ainda, foi claramente desencorajado, como se a Medicina não fosse uma prestação de serviços, mas sim algo divino, ou sagrado, não necessitando ser submetida às leis de mercado, como qualquer outra profissão.

A competitividade e a quantidade de profissionais existentes fizeram com que o médico repensasse o seu posicionamento na sociedade, procurando não só estar de acordo com os preceitos éticos da profissão, mas também enveredasse pelo caminho natural de vender o seu serviço. Mas qual o limite do que pode, ou ainda, do que deve ou não estar presente neste mundo digital?

Infelizmente, esse é um tema praticamente desconhecido e nunca abordado em Congressos e Simpósios médicos. Então, grande parte dos profissionais ignoram as melhores práticas, as recomendações das resoluções de publicidade médica, como ter um bom posicionamento em redes sociais, o perigo do viés comercial/mercadológico e do oversharing.

Se formos buscar o Manual de Publicidade Médica e de Ética não há dúvidas do que deve ser seguido pelos profissionais: não se pode insinuar nem prometer resultados de tratamentos (os famosos antes e depois), não exibir a imagem do paciente (mesmo com autorização do mesmo), não anunciar tratamentos exclusivos ou especializações em áreas de atuação na medicina, ainda não reconhecidas. Esses são só alguns dos muitos pontos que o médico deve seguir quando pensa em usar as redes sociais de forma profissional.

Além disso, há o ético e o politicamente correto que vão além das resoluções dos conselhos de classe, como as grandes questões sociais, como machismo, racismo, homofobia e o respeito a minorias que devem ser examinadas com muito critério, antes de serem expostas.  Se um dia milhares de seguidores são potenciais compradores do seu serviço, a subcultura do cancelamento ao menor deslize pode fazer com que esses mesmos se tornem milhares de “haters”, que, talvez, quem sabe, possam prejudicar significativamente uma imagem e posicionamento construídos ao longo de anos.

Aos médicos que adentram no mundo do marketing digital é muito importante estarem atentos as seguintes questões: confiram se a forma e a mensagem coadunam com os valores percebidos da profissão e os seus pessoais, de ética e caráter; verifiquem se não está utilizando nenhum termo ou hashtag que são consideradas impróprias, banidas ou politicamente incorretas. Dessa forma sua presença nas redes sociais vai gerar frutos positivos para sua imagem e mitigar enormemente as chances de problemas.

Posicionamento é extremamente importante, mas de forma responsável, equilibrada e que se alinhe com a sua conduta profissional, no seu dia a dia e  no desempenho de sua profissão.

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