Câncer de colo do útero: importância da prevenção e diagnóstico precoce
Dra. Angélica Nogueira: “nosso objetivo é criar uma geração de jovens protegidos contra o câncer do colo do útero, doença que pode ser evitada com a vacinação”
Respondendo ao chamado da Organização Mundial da Saúde – OMS, dia 17 de novembro, o Brasil fará parte de uma corrente mundial pela eliminação do câncer do colo do útero, doença que acomete 17 mil brasileiras a cada ano, registrando mais de 6,5 mil mortes anuais. A ação integra o Ilumination Day, na qual os monumentos importantes de diversos países do mundo serão iluminados a fim de chamar a atenção para essa causa tão importante.
No Brasil, o escolhido para receber a iluminação especial é o Cristo Redentor, das 19h às 22h, durante evento liderado pelo Movimento Brasil sem Câncer do Colo do Útero, uma aliança formada por diversas sociedades médicas e organizações de apoio ao paciente com câncer, dentre elas o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA). Neste dia especial, será lançado o Radar pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero, reforçando o compromisso de um futuro livre dessa doença.
Idealizado em 2018 pela oncologista clínica Angélica Nogueira/Belo Horizonte/MG, diretora de Planejamento do Grupo EVA, o movimento “Brasil Sem Câncer de Colo do Útero” tem como objetivo aumentar a conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, além de impulsionar ações públicas de saúde que possam levar à eliminação dessa doença no país. O movimento, que conta com o apoio de mais de 20 sociedades médicas, visa reverter a desinformação que ainda prevalece sobre o câncer de colo do útero e promover mudanças fundamentais nas políticas públicas de saúde.
Vacina contra HPV volta às escolas – Uma das grandes conquistas do Brasil, destacada pelo movimento, é a criação do radar de monitoramento, com os dois grandes feitos de 2024: a volta, anunciada pelo Ministério da Saúde, da vacinação contra o HPV nas escolas, nas esferas federal, estadual e municipal, e a incorporação no SUS do teste de DNA para detecção do HPV.
De acordo com a Dra. Angélica Nogueira, “as escolas devem receber as vacinas e se adaptar aos moldes de vacinação, igual existia em 2014. É uma estratégia fundamental para garantir que a vacinação contra o HPV chegue a todos os jovens, independentemente de sua condição socioeconômica. Ao aplicar a vacina nas escolas, conseguimos atingir uma grande parte da população de forma eficiente e inclusiva. Nosso objetivo é criar uma geração de jovens protegidos contra o câncer do colo do útero, uma doença que pode ser evitada com a vacinação”.
Teste HPV-DNA – O Ilumination Day irá celebrar outra importante conquista de 2024, que foi a decisão de incorporar o teste de DNA do HPV como estratégia, para uso em todo o território nacional, para as mulheres. Além de ser uma tecnologia eficaz para detecção e diagnóstico precoce, traz a vantagem do aumento do intervalo de realização do exame. Enquanto o rastreio por meio do exame Papanicolau deve ser realizado a cada três anos e, em caso de detecção de alguma lesão, de forma anual, a nova testagem é recomendada a cada cinco anos. O Ministério da Saúde acredita que, com essa mudança, haverá melhor adesão e facilitará o acesso ao exame.
Conforme explica a oncologista do Grupo EVA, “a testagem molecular para detecção do vírus HPV é uma estratégia de rastreio mais sensível. Ela identifica mais pacientes em risco, detectando não a lesão pré-maligna, mas antes disto. Ela identifica se a pessoa apresenta infecção por algum HPV de alto risco antes mesmo que se tenha alguma lesão pré maligna”. Além disso, complementa a especialista, a coleta do HPV-DNA é mais fácil, permitindo à mulher a autocoleta. Com explicações simples, ela consegue realizar o exame em casa e deixar o material no laboratório, evitando que deixe de fazer o exame por constrangimento ou barreiras culturais, por exemplo”.
Meta da OMS para 2030 – A OMS estabeleceu três metas principais para a eliminação global do câncer do colo do útero até 2030, no qual o Brasil está incluso:
- Vacinação: ter 90% das meninas de 9 a 14 anos vacinadas contra o HPV.
- Rastreamento: ter 70% das mulheres de 35 e 45 anos com teste de HPV-DNA.
- Tratamento: ter 90% das mulheres com lesões iniciais devidamente tratadas.
Estas metas representam um caminho para eliminar o câncer de colo do útero como um problema de saúde pública. Com a continuidade das ações de conscientização, a ampliação da cobertura vacinal e o fortalecimento do rastreamento, o Brasil tem a oportunidade de ser um exemplo mundial na erradicação dessa doença.