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Câncer de estômago: sinais que passam despercebidos

A cada ano, 21 mil brasileiros recebem diagnóstico da doença, o quinto tipo mais comum no país.

Imagem: Divulgação

Azia frequente, sensação de estômago cheio ou desconforto abdominal constante são sintomas comuns e, na maioria das vezes, inofensivos. Mas, se persistirem, podem indicar problemas digestivos que merecem atenção médica, e, em alguns casos, um indicativo para câncer de estômago.

No Brasil, a neoplasia representa um desafio para a saúde pública. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer – INCA, são estimados 21 mil novos casos por ano no triênio 2023-2025, o que coloca o câncer de estômago como o quinto tipo mais comum no país.

De acordo com o cirurgião gastrointestinal Lucas Nacif/São Paulo/SP, membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva – CBCD, “o grande problema é que o câncer de estômago costuma ser silencioso nas fases iniciais. Quando os sintomas aparecem de forma mais evidente, muitas vezes a doença já está em estágio avançado”. Nesse sentido, ele aponta alguns sinais de alerta.

Sengo ele, nem todo desconforto digestivo é grave, mas observar a frequência e a persistência dos sintomas é fundamental para identificar precocemente problemas que podem exigir acompanhamento médico. Entre eles, o Dr. Lucas aponta:

  • Saciedade precoce – Sentir que o estômago está cheio após comer pouco é um dos sintomas característicos. “Isso acontece porque o tumor pode ocupar espaço no estômago ou alterar sua capacidade de distensão”.
  • Perda de peso sem motivo aparente – Quando não há mudança na alimentação ou aumento da atividade física, o emagrecimento merece investigação. A perda de apetite também costuma vir junto desse quadro.
  • Desconforto abdominal persistente – Dor ou sensação de peso na parte superior do abdômen, especialmente acima do umbigo, que não melhora com medicamentos comuns para estômago.
  • Azia e refluxo constantes – Embora sejam sintomas extremamente comuns em outras condições, quando se tornam frequentes e não respondem bem ao tratamento habitual, precisam ser investigados.
  • Náuseas e vômitos recorrentes – A presença do tumor pode dificultar o esvaziamento do estômago, causando esses sintomas.
  • Sinais de sangramento digestivo – Fezes muito escuras, com aspecto de borra de café, ou vômitos com sangue, são sinais de sangramento no trato digestivo e exigem avaliação médica imediata.

O papel do H. pylori e fatores de risco – Um fator importante é a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, ou H. pylori, considerada carcinógeno tipo 1 pela Organização Mundial da Saúde. Ela causa inflamação crônica na mucosa gástrica, que pode evoluir para alterações pré-cancerosas ao longo dos anos. A boa notícia é que a infecção pode ser tratada e erradicada com antibióticos e medicamentos que reduzem a acidez do estômago.

Outros fatores de risco incluem alimentação rica em sal e produtos processados, tabagismo, consumo excessivo de álcool e histórico familiar de câncer de estômago. “Muitas dessas condições podem ser prevenidas ou controladas com hábitos saudáveis, acompanhamento médico e tratamento adequado”, explica o médico, alertando sobre o diagnóstico precoce. Os números não deixam dúvidas sobre a importância da detecção precoce. Quando o câncer de estômago é diagnosticado em estágio inicial (limitado à camada superficial do estômago), a taxa de sobrevida em cinco anos pode chegar a 95-100%. No estágio II, essa taxa ainda é alta, entre 80-90%.

Nesse sentido, afirma, “conheça seu corpo e não ignore os sinais que ele dá. Aquele desconforto que você vem sentindo há semanas não é normal, mesmo que pareça algo simples. Não deixe o medo ou a correria do dia a dia atrasar uma avaliação que pode fazer toda a diferença”.

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