Com a chegada do inverno, cresce alerta para infecções respiratórias em crianças

Nesse período importante reforçar a prevenção contra a propagação de vírus como VSR, Influenza e Covid-19 entre crianças menores de cinco anos
Foto: Pixabay
À medida que o outono se despede e o inverno se aproxima, os hospitais e consultórios pediátricos voltam a registrar aumento nos atendimentos de crianças com sintomas respiratórios. Tosse persistente, febre alta, chiado no peito e respiração ofegante tornam-se queixas recorrentes entre os menores de cinco anos, especialmente entre bebês e crianças em idade pré-escolar. O fenômeno, que se repete todos os anos, está ligado à maior circulação de vírus respiratórios nesta época — e exige atenção redobrada de pais, cuidadores, escolas e autoridades de saúde.
De acordo com o infectologista Klinger Soares Faíco Filho, professor adjunto da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, os meses de transição para o inverno reúnem uma combinação perigosa: clima mais frio e seco, maior tempo em ambientes fechados e o início da temporada escolar. “Esse ambiente favorece a disseminação de vírus entre as crianças, que têm o sistema imunológico ainda em desenvolvimento. É o cenário perfeito para o aumento de casos de bronquiolite, gripe, Covid-19 e outras infecções respiratórias agudas”, explica.
“As hospitalizações representam apenas uma fração do impacto. A maioria dos casos é tratada em casa, mas com muito sofrimento. Isso afeta a rotina escolar, gera uso excessivo de antibióticos e provoca angústia nas famílias. A prevenção precisa ser mais eficaz e começar antes dos surtos”, alerta o Dr. Klinger.
Entre as medidas preventivas, a vacinação é a mais importante. A vacina contra a gripe é oferecida gratuitamente no SUS para crianças a partir dos 6 meses e reduz significativamente o risco de complicações. No caso do VSR, embora o Brasil ainda não tenha incorporado as vacinas ao calendário público, elas já são realidade em países como Estados Unidos e Reino Unido — e estão em processo de análise pela Anvisa.
Além da imunização, atitudes simples e cotidianas fazem diferença. Evitar locais fechados e aglomerados durante os picos de circulação viral, manter crianças doentes em casa até sua plena recuperação e reforçar hábitos de higiene, como lavar as mãos e higienizar brinquedos, são cuidados fundamentais. “O chamado ‘resfriadinho’ pode ser altamente transmissível. Isolar precocemente a criança doente é uma forma de proteger toda a comunidade escolar e familiar”, reforça o médico.
Outro ponto essencial é a escuta ativa e a vigilância dos adultos. Crianças pequenas nem sempre conseguem verbalizar o que sentem. Por isso, alterações no comportamento, cansaço excessivo, gemência, febre persistente ou dificuldade para respirar devem ser considerados sinais de alerta e motivar a busca por atendimento médico imediato.
De acordo com o Dr. Klinger, “as escolas devem ser parceiras na prevenção. Protocolos para afastamento, janelas abertas, uso de álcool gel e orientação aos pais são ferramentas básicas, mas ainda pouco adotadas. A prevenção exige um esforço coletivo”.