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Dor frequente na relação sexual não é normal: caso aconteça, a mulher deve procurar ajuda médica

 Por Dra. Elis Nogueira: Ginecologista e Obstetra. Especializou- se em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Ciência Médicas da Santa Casa de São Paulo em 2004 e obteve o título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira – Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia. 

Crédito foto: Pixabay

Toda e qualquer dor, ardência, ou sensação de incomodo frequente durante relações sexuais deve ser motivo de uma consulta médica, independentemente do local da dor ou do desconforto. Em geral, as principais queixas podem incluir dores, incômodos e ardência na própria vagina e região genital, uretra, útero, bexiga, reto, e “no pé da barriga”, entre outros possíveis locais na pelve.

Muitas vezes esta dor impossibilita qualquer tipo de acesso à vagina, incluindo exames clínicos, além de qualquer tipo de penetração durante o ato sexual. Mas a dor é sentida de forma diferente em cada mulher, seja quanto ao local, intensidade, ou mesmo quanto a causa que pode ter origem física, psicológica ou ambas, já que é comum a potencialização emocional de uma dor física de fato existente.

Fator emocional – As dores e incômodos frequentes causados por questões emocionais possuem o medo do contato íntimo e a insegurança como principais causas, além do stress, depressão, baixa autoestima e problemas de relacionamento. Esses sentimentos provocam a falta de relaxamento e de lubrificação vaginal durante a relação sexual e, consequentemente, a dor ou o incomodo frequentes. O vaginismo, que se caracteriza por contrações e espasmos involuntários da vagina é a principal disfunção experimentada por muitas mulheres.

Muitas vezes esses sentimentos podem possuir origem em traumas causados por abuso sexual ou algum tipo de violência de gênero. Esses casos merecem uma atenção ainda mais especial através do tratamento e acompanhamento com um psicólogo ou psiquiatra.

As questões emocionais, por sua vez, não devem ser rotuladas como a única causa das dores ou incomodo. Muitas vezes as mulheres assumem que possuem dores devido ao medo, por exemplo, e deixam de ir à médica ou médico para uma análise mais completa do seu caso, que pode incluir doenças e causas físicas.

Dores de causas físicas – A falta de lubrificação vaginal é uma causa muito comum de dores e incômodos. A falta de lubrificação causa fissuras que deixam a vagina machucada. Além dos fatores emocionais mencionados, a menopausa, o diabetes, assim como problemas hormonais causados pelo mal funcionamento da tireoide ou o uso indevido de hormônios, estão entre os principais fatores da “secura vaginal”.

Outro fator muito comum causador de dores ou incômodos são as inflamações de qualquer natureza na região pélvica, incluindo a própria vagina, vulva, uretra, bexiga, colo do útero etc., seja por causas infecciosas (bactérias, fungos ou vírus), lesões ou traumas, incluindo os decorrentes de cirurgias, parto ou acidentes. Nesta categoria também estão as doenças sexualmente transmissíveis (IST), vaginites, cistites, uretrites, herpes vaginal, entre outras.

Outras duas causas físicas merecem destaque especial. A endometriose e os miomas cervicais. No caso da Endometriose, a doença se caracteriza pela presença de tecido endometrial fora do útero. Este tecido passa a se desenvolver e penetrar em outros órgãos causando processos inflamatórios, em regiões como os ovários, cavidade abdominal, intestino, e etc., causando dores durante o ato sexual.

Já os miomas cervicaissão tumores benignos formados, em parte, por tecido muscular. Apesar de raramente surgirem no colo do útero, quando ocorrem podem sangrar, provocar secreção vaginal e causar dor durante o ato sexual com penetração vaginal.

         Independentemente da causa, que será descoberta com a ajuda de uma médica ou médico ginecologista, toda mulher deve evitar a automedicação e buscar ajuda médica em caso de dores durante relações sexuais.

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