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Hospital das Clínicas da FMUSP capacita profissionais da saúde para atendimento da comunidade LGBTQIA+

“O curso inclui aspectos éticos, legais e sociais envolvidos no cuidado integral, respeitoso e inclusivo, que também envolve e orienta famílias no processo de cuidado”

Foto: Freepik

Em uma iniciativa inédita, o Hospital das Clínicas, por meio do HCX FMUSP –  Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, desenvolveu um curso de capacitação de profissionais da saúde para oferecer um atendimento acolhedor, técnico e humanizado à população LGBTQIA+. Com uma abordagem completa, contempla desde os conceitos e terminologias fundamentais até questões específicas como hormonização, procedimentos cirúrgicos, saúde mental, planejamento reprodutivo, envelhecimento e acolhimento familiar. Além disso, inclui aspectos éticos, legais e sociais envolvidos no cuidado integral, respeitoso e inclusivo, que também envolve e orienta famílias no processo de cuidado.

De acordo com o coordenador do curso, Prof. Dr. Edson Ferreira, da Divisão de Ginecologia do HC-Fmusp, o aperfeiçoamento é uma ferramenta essencial para promover equidade e fortalecer o vínculo entre profissionais e pacientes LGBTQIA+ em diferentes contextos de cuidado. Ferreira explica que o curso é “uma resposta à demanda da população LGBTQIA+, que nem sempre recebe atendimento adequado ou especializado, com todas as nuances que seriam necessárias para o seu cuidado.

Embora não existam dados do censo demográfico relacionados especificamente a identidade de gênero e orientação sexual, estudo recente da Universidade de São Paulo – USP, estima-se que o universo da população LGBTQIA+ no Brasil atinja de 2% a 5% da população brasileira, ou cerca de 3 milhões de pessoas trans, não binárias, mulheres lésbicas, homens gays, pessoas bissexuais e assexuais e travestis no país. 

Para o professor titular da disciplina de Ginecologia da FMUSP, Dr. Edmund Chada Baracat, também coordenador do curso, “trata-se de uma população representativa e muitos profissionais já perceberam que ela, hoje, se apresenta no consultório com a orientação sexual ou com a identidade de gênero explicitada”.

Segundo o ginecologista do Hospital das Clínicas, Edson Ferreira, atualmente, observa-se um crescimento no atendimento a esse público – por exemplo, o programa Sampa Trans atende as pessoas trans na rede especializada de atendimento nas UBS e nos postos de saúde. O próprio Hospital das Clínicas conta com ambulatórios específicos dentro das clínicas de Ginecologia, Endocrinologia, Urologia, Psicologia e Psiquiatria, entre outras, acrescenta, ao observar que “a proposta “é sensibilizar a classe médica para a necessidade de acolhimento de uma população, muitas vezes, marginalizada, de uma escuta ativa, de entender que existem necessidades que são individuais, de não generalizar as pessoas LGBTQIA+, como se todo mundo precisasse das mesmas coisas, porque na verdade cada pessoa tem necessidades próprias”.

Conforme explica, ao longo do curso o profissional terá contato com especialistas que atuam diretamente na atenção primária, secundária e terciária, aprendendo como estruturar um grupo multidisciplinar de atendimento e como conduzir práticas clínicas com base em evidências científicas e respeito à diversidade.

No formato EAD, o curso de especialização “Saúde LGBTQIA+, assistência global e ginecológica” já está disponível e é destinado a médicos e residentes interessados em promover um cuidado mais inclusivo, informado e empático para as pessoas LGBTQIA+.

Mais informações no site da HCX Fmusp: https://ensino.hcxfmusp.org.br/online/saude-lgbtqia-/p

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