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Hospital São Francisco-RJ, realiza sua 5ª Semana de Conscientização à Vida

Programação teve exposição de pinturas e fotografias produzidas por pacientes psiquiátricos e experiência imersiva no processo de cuidados em saúde mental

Foto: Divulgação

O Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF-RJ) realizou em outubro, a 5ª edição de um evento que propõe uma celebração à vida e à saúde: a Semana de Conscientização à Vida. A programação de palestras com especialistas que atuam no hospital e convidados externos foi dividida em três temáticas: a Trilha Verde, voltada para a doação de órgãos; a Trilha Laranja, com temas relacionados à segurança do paciente, e a Trilha Amarela, um alerta para os cuidados com a saúde mental.

De acordo com o diretor executivo do hospital, Márcio Nunes, “a Semana de Conscientização à Vida foi criada há cinco anos, com o intuito de apresentar assuntos vitais e estratégicos na área da saúde em geral e de uma forma muito particular para nós, aqui do HSF. Nosso hospital é referência em transplantes de órgãos no estado do Rio de Janeiro e sedia a Organização de Procura de Órgãos (OPO-Norte) braço da Rio Transplantes, responsável pela captação de órgãos”.

A temática segurança do paciente, afirma, que deve ser central em qualquer instituição de saúde, “ganhou um destaque especial para nós, que acabamos de conquistar o selo de acreditação hospitalar da Organização Nacional de Acreditação (ONA), o que significa que seguimos rigorosos padrões de qualidade e segurança”.

Ele ressalta também a estrutura única do HSF na área da saúde mental: “oferecemos emergência psiquiátrica, internação para adultos e jovens a partir dos 12 anos, atendimento ambulatorial e o recém-inaugurado hospital-dia psiquiátrico, para quem precisa de um suporte e não tem necessidade de internação em tempo integral.”

Quem participou da programação foi convidado a visitar a exposição EntreMentes, com pinturas e fotografias produzidas por pacientes psiquiátricos ao longo de seus processos terapêuticos. “Além de dar visibilidade às expressões artísticas, queremos oferecer ao público a possibilidade de enxergar a saúde mental sob outra perspectiva: a de quem vive a experiência do tratamento”, conta a coordenadora de Psicologia do HSF, Alessandra Cunha.

Além disso, os visitantes puderam ter uma experiência imersiva, ao percorrer simbolicamente etapas do cuidado centrado no paciente, andando por um caminho escuro e estreito que representou a angústia dos pacientes antes da busca de auxílio especializado e o início do tratamento até a melhoria da sua saúde mental. Nas palavras de Alessandra, “um caminho que desperta sentidos e reflexões, trazendo metáforas sobre resiliência, superação e esperança”. 

Trilha Verde – A doação de órgãos e seus desafios foi o destaque do primeiro dia do evento. “Nosso objetivo foi mostrar a importância da doação e como se dá todo o processo. Para isso, convidamos profissionais capacitados e com experiência em doação de órgãos e tecidos e acolhimento familiar”, conta o enfermeiro Jerônymo Bonente Jr., integrante da OPO Norte e um dos organizadores da programação. Como destaque, a mesa redonda com a participação de receptores e doadores, juntamente com representantes das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) das unidades da região Norte, que abordaram a perspectiva de quem espera pela doação de um órgão na fila de transplante e também de quem aceita doar, ressignificando a dor da perda. 

Trilha Laranja – No segundo dia de programação, o ciclo de palestras foi dedicado à segurança do paciente, com o objetivo de conscientizar e sensibilizar o público sobre a importância da valorização da vida. De acordo com Jacqueline Goldan, coordenadora da Qualidade e do Núcleo de segurança do paciente do HSF, a ideia objetivou reafirmar o compromisso do HSF em fortalecer a cultura de segurança e a disseminação de boas práticas: “queremos inspirar os nossos colaboradores e o público externo, juntamente com nossos palestrantes a assumirem o compromisso coletivo pela Qualidade e Segurança do paciente”.

Na palestra ‘Documentação insegura: o que não está escrito, também é risco’, a gerente de Qualidade da Unimed Leste Fluminense, Christiane Montes, destacou a diferença entre perigo e risco, explicando que o primeiro é a fonte do dano, enquanto o segundo está ligado à probabilidade de que esse dano aconteça. Ela ressaltou a importância da participação da família no cuidado ao paciente e defendeu a educação contínua como ferramenta essencial para reduzir falhas. “Mitigar os riscos faz toda a diferença para evitá-los, e o mapeamento de risco é fundamental para isso”, afirmou.

A coordenadora da Divisão de Qualidade e Estratégia da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Ginna Ilka, apresentou a palestra ‘Decisões Baseadas em Dados: como dados transformam escolhas em resultados reais’. Ela trouxe reflexões sobre a diferença entre dados e informação e a necessidade de interpretação que podem gerar resultados concretos para a qualidade em saúde. “O dado cru não serve para nada. Ele ganha vida quando se transforma em informação e orienta decisões”, afirmou. Foram abordadas ainda tendências como Inteligência Artificial aplicada à saúde, Data Storytelling e Governança de Dados, além dos benefícios, barreiras e desafios dessas tecnologias.

Trilha AmarelaPara falar sobre saúde mental, foram convidados especialistas em diferentes áreas. “A ideia foi trazer olhares complementares, tanto da prática clínica quanto da pesquisa e da gestão em saúde, oferecendo à equipe do hospital e à comunidade acesso a conteúdos atualizados e relevantes”, resumiu Alessandra Cunha.

A programação foi aberta com a exibição do curta-metragem ‘O menino que engolia o choro’, para dar início à discussão sobre a necessidade de falar sobre o que causa incômodo e demonstrar as emoções e não as reprimir. “Não há outro caminho para tratar de saúde mental. É preciso encarar e falar sobre o que incomoda pois há dores que não são vistas”, afirmou Alessandra.

Em sua apresentação, a professora do Departamento de Psicologia da PUC-Rio e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, Mayla Cosmo, focou na escuta ativa no cuidado hospitalar. A partir da discussão sobre a diferença entre escutar e ouvir, ela citou o escritor, educador e psicanalista Rubem Alves que, em Escutatória, fez a famosa provocação: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar”. Mayla salientou a importância da escuta ativa para que pacientes e familiares possam ser agentes do cuidado.

A psicóloga Anna Clara Santos, que integra a equipe do serviço de saúde mental do HSF, falou sobre acolhimento e as práticas de escuta e criação de vínculos no hospital. “Sem confiança e sem vínculo, o psicólogo não faz o seu trabalho”. A coordenadora de saúde mental do hospital, Bárbara Estelita, destacou que a escuta acolhedora tem que ser não só do psicólogo, mas de toda a equipe de assistência. Isso contribui para a adesão do paciente ao tratamento e a melhores desfechos. 

Enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas presentes na plateia participaram, prestando depoimentos sobre o cotidiano do trabalho na palestra ‘Entre plantões e emoções (há saída?): autocuidado possível no plantão’, apresentada pelos psicólogos Alessandra Cunha e Sérgio Henrique Izídio da Silva. Um dos desafios apontados foi equilibrar a atenção entre as tarefas burocráticas e o cuidado com os pacientes, além de respeitar o limite e entender quando o paciente não quer falar sobre o que o incomoda ou nega algum tipo de serviço, por exemplo.

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