Missão África 2: estudantes de Medicina retornam à Benin para atender população vulnerável
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Além dos cuidados com a saúde, expedição oferece uma oportunidade de desenvolvimento profissional e humanitário para futuros médicos
Foto: Pixabay
Em um momento em que o Brasil está estreitando relações diplomáticas com Benin, a Inspirali, importante ecossistema de educação médica do país, leva seus estudantes de Medicina para prestarem atendimento médico em vilarejos da região africana, para uma população de extrema vulnerabilidade. A 2ª edição da Missão África tem também como objetivo oferecer a estudantes e docentes uma oportunidade de desenvolvimento profissional e humanitário. A próxima edição acontece de 13 a 28 de fevereiro, período em que os missionários visitarão e receberão pessoas de cinco diferentes vilarejos das cidades de Adjarra e Ganvie, com a expectativa de atender 500 pessoas por dia com serviços de saúde e pequenas cirurgias.
O hospital (Centre de Santé de Adjarra), já em funcionamento na região, servirá como base, mas a expedição será dividida em grupos com diferentes atuações para prestar atendimento aos vilarejos locais. Além de procedimentos cirúrgicos e visitas domiciliares, os missionários também atuarão em um Centro de tratamento para pacientes com problemas de Saúde Mental.
Durante a Missão, os consultórios serão organizados em galpões ou debaixo de árvores sombreiras próximas, ou dentro de paróquias. Cada consultório contará com um tradutor do dialeto Fonuepara o francês, colaborador da própria comunidade. Os alunos se comunicarão por meio do francês básico. Está prevista a realização de diversas pequenas cirurgias e outros atendimentos.
Em Benin, a mortalidade infantil chega próximo dos 50% no primeiro ano de vida e a expectativa de vida é em média 53 anos. Rodrigo Dias Nunes, Diretor de Extensão Curricular, Extra-curricular e Travessia Humanitária da Inspirali, acredita que, para a maioria, esse seja o único atendimento que estas pessoas vão ter ao longo da vida. “No Brasil, temos algo que faz toda a diferença para as pessoas: o SUS. Nas missões que realizamos por aqui, por mais difícil que seja, a população tem acesso a medicação e a exames. Em Benin, as pessoas nascem e morrem e não há registro dessas informações. Não adianta prescrever uma receita para continuidade de medicação, pois não possuem dinheiro ou acesso para comprar. Muitas enfermidades poderiam ser solucionadas com uma boa alimentação ou o simples ato de beber água, mas lá eles não possuem estes recursos básicos”, conta. A maioria da população em Benin vive em extrema pobreza, não possui saneamento básico, pouquíssimos têm à energia elétrica e com acesso extremamente restrito à educação e saúde, já que não possuem escolas ou hospitais públicos.
Participam dessa nova missão 28 alunos, cinco egressos e oito professores das escolas UniBH, Unisul, Universidade São Judas Tadeu, Universidade Anhembi Morumbi, UniFacs, Faseh, UnP e AGES.
A ação é uma atividade prática e de extensão universitária ao currículo da Inspirali em que participam estudantes que já possuem histórico em ações voluntárias, já participaram e se destacaram em alguma das edições anteriores da Missão Amazônia e estão nos dois últimos anos da graduação. Cada aluno terá em mãos um sistema de Prontlife® desenvolvido especialmente para a missão. Trata-se de um tablet com prontuário eletrônico, cujas informações colhidas irão compor um banco de dados dos pacientes que será, posteriormente, apresentado como modelo para o governo para fortalecer a estratégia de implementação de um Programa de Medicina de Família e Comunidade.
“Com a parceria da ONG Sementes da Saúde, teremos apoio local na articulação com os agentes de saúde de Benin, Ministério da Saúde e Ordem dos Médicos, além da contratualização de serviços locais de saúde junto aos villages. Contamos ainda com o apoio da Embaixada Brasileira em Benin. Sabemos das dificuldades desta operação, mas escolhemos essa região por ser um território conhecido, livre de guerras e com necessidades que estão em consonância com a trilha humanitária dos cursos de medicina da Inspirali”, enfatiza Nunes.