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Preta Gil: por que o câncer colorretal é uma doença tão perigosa?

Esse tipo de câncer está entre os que mais matam no Brasil, hábitos saudáveis podem reduzir drasticamente a chance de adquirir a doença

Imagem: Pixabay

O câncer colorretal, responsável pela morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, no último domingo (20), é o terceiro tipo de tumor que mais mata no Brasil. Ele está entre os mais impactantes na qualidade de vida e, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), tem crescido no país. Mas por que o câncer colorretal, que afeta o intestino grosso (o cólon) e o reto é tão perigoso?

A oncologista Juliana Alvarenga, da São Bernardo Samp, de Vila Velha/ES, explica que esse tipo de tumor apresenta sintomas muito discretos, o que dificulta o diagnóstico precoce. “Incialmente a doença não possui sintomas. Com o crescimento da lesão podemos ter sintomas que, muitas vezes, são inespecíficos, como desconforto abdominal, inchaço abdominal e alteração no padrão de evacuações. O sintoma que as pessoas mais valorizam é o sangramento nas fezes, e nessa fase a doença, na maioria das vezes, costuma estar mais avançada”, esclarece.

O principal exame para detectar a doença é a colonoscopia, que deve ser solicitada para todas as pessoas a partir dos 45 anos. Se tudo estiver normal no primeiro exame, só será necessário repeti-lo a cada cinco anos. Se houver alguma lesão que pode ser maligna posteriormente, ela pode ser acompanhada com mais frequência e possibilitar o diagnóstico precoce, como explica o oncologista Roberto Lima, do Vitória Apart Hospital.

Segundo ele, “o câncer colorretal é grave quando diagnosticado na fase mais tardia. O tratamento é basicamente cirurgia e quimioterapia, com alta chance de cura, quando se tem o diagnóstico precoce. Se diagnosticado logo, o procedimento cirúrgico geralmente é menor, muito mais fácil a recuperação e a possibilidade de cura maior. E se faz geralmente o tratamento quimioterápico adjuvante, ou complementar ao tratamento cirúrgico e que melhora o prognóstico sensivelmente.”

Recidiva e metástase – Assim como aconteceu com Petra Gil, é comum que a doença retorne e se espalhe por outras partes do corpo. “As metástases são muito comuns, especialmente para fígado, pulmão, osso e peritônio – que é uma membrana que reveste o abdômen. Quando essas metástases estão em órgãos importantes e têm pouca resposta à quimioterapia, é o momento em que ocorre a perda de função desses órgãos e se esgotam os tratamentos. A perda de função desses órgãos pode levar a uma falência de múltiplos órgãos e, consequentemente, a morte”, afirma Roberto Lima.

“A chance de metástase depende do quão avançada a doença foi diagnosticada. Quanto mais avançada, maior é o risco de recidiva. Às vezes, a doença encontra mecanismos de resistência aos tratamentos que a gente tem para oferecer. Quando se esgotam as opções de tratamento que comprovadamente têm benefício, a gente pode colocar o paciente em cuidados paliativos exclusivos ou tentar incluir esse paciente em algum protocolo de pesquisa clínica, que foi o que a Preta Gil tentou fazer”, completa Juliana.

Hábitos de vida – O câncer colorretal é o que mais está associado a hábitos de vida. Manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, evitando ultraprocessados, manufaturados, cigarro e álcool, além de fazer exercícios regularmente, é primordial para reduzir as chances da doença.

De acordo com o oncologista, a taxa de mortalidade de um câncer como esse, no Brasil, é grande. Mas é possível evitar, sim. “A melhor forma de reduzir as chances dessa doença é ter uma qualidade de vida boa: alimentação saudável e exercícios físicos. Já temos estudos especificamente em câncer colorretal que mostram que fazer atividade física, reduz a probabilidade e melhora sensivelmente o prognóstico da doença depois de diagnosticado”, conclui o oncologista”, observa.

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