A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou em novembro a Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos. A campanha teve como objetivo aumentar a conscientização global sobre a resistência microbiana, além de incentivar as melhores práticas para prevenir o desenvolvimento e a propagação de infecções resistentes aos antimicrobianos. Vale ressaltar que a campanha também abrange outras áreas além da saúde humana, como a saúde animal e a agricultura. Em Belo Horizonte, esta ação foi encampada pela Rede Mater Dei, que promoveu ações entre os dias 18 e 24 de novembro, tendo como foco o tema “Unidos para preservar os antimicrobianos”.
A diminuição ou perda da eficácia dos antimicrobianos para curar ou prevenir infecções tem várias causas, sendo uma delas o consumo inadequado desses medicamentos. Más práticas de prescrição médica, a falta de adesão dos pacientes a tratamentos (interrupção do uso da medicação) e a automedicação são fatores que contribuem diretamente para o aumento da resistência antimicrobiana.
De acordo com a OMS, se essas ações não forem tomadas, estima-se que até 2050 a resistência microbiana causará, anualmente, a perda de 10 milhões de vidas em todo o mundo, além de um prejuízo econômico de 100 trilhões de dólares. A OMS alerta, ainda, sobre outro agravante: o uso indevido de antibióticos durante a pandemia de Covid-19 pode levar à aceleração do surgimento e disseminação da resistência microbiana.
Rede Mater Dei e o uso de antimicrobianos – Atenta a essa questão, a Rede Mater Dei implementou em 2017 um programa abrangente de gestão clínica do uso de antimicrobianos que busca promover a seleção do regime farmacológico ideal. O objetivo é alcançar os melhores desfechos clínicos para os pacientes e a redução do consumo total destes medicamentos. Três condições clínicas muito frequentes e/ou de elevada morbidade foram selecionadas para avaliar os impactos assistenciais obtidos com a implementação do programa. São elas: infecção do trato urinário, pneumonia adquirida na comunidade e sepse. De acordo com a instituição hospitalar, pós três anos do início do Programa, os frutos desse trabalho começam a ser colhidos. As intervenções realizadas permitiram a melhora da adesão dos médicos aos protocolos clínicos definidos na Rede, a otimização do tempo total de tratamento, muitas vezes desnecessariamente prolongado, a mudança precoce para a terapia oral, quando possível, e a maior utilização de estratégias para aumentar a sensibilidade/especificidade diagnóstica. Isso permitiu reduzir significativamente o tempo de internação desses pacientes, sem impacto nas taxas de falha de tratamento. Impactos no perfil de resistência microbiana, contudo, requerem um tempo maior de avaliação.