Sociedade Brasileira de Dermatologia divulga pesquisa atualizada sobre doenças de pele no Brasil

Câncer de pele é apontado como diagnóstico mais frequente no SUS e a acne está entre os casos mais comuns na rede privada
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A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulga os resultados do Inquérito Epidemiológico/Dermatológico da SBD 2024, estudo nacional que mapeia os principais diagnósticos realizados por dermatologistas no país, em serviços públicos e privados. A pesquisa revela que a acne é a condição mais comum nos atendimentos da rede privada, sobretudo entre jovens de 13 a 24 anos, enquanto o câncer de pele (neoplasias malignas) lidera nas consultas da rede pública.
Esta é a terceira edição do inquérito dermatológico realizado pela SBD, as anteriores ocorreram em 2006 e 2018. O intervalo entre os estudos reforça a relevância da nova edição, que atualiza o panorama das doenças de pele no Brasil e oferece subsídios atualizados para decisões clínicas, acadêmicas e de saúde pública.
“Contribuir com a formulação de políticas públicas, orientar sobres as prioridades na formação e atualização dos dermatologistas, bem como o planejamento da organização dos serviços credenciados e, por fim, balizar os investimentos e pesquisas da indústria farmacêutica, são os principais objetivos e entregas do inquérito”, explica Dr. Heitor de Sá Gonçalves, médico dermatologista e idealizador do levantamento durante sua gestão como presidente da instituição no Biênio 2023-2024.
Com metodologia rigorosa e participação de dermatologistas associados à SBD, o inquérito possibilitou analisar o perfil dos atendimentos realizados em agosto e setembro de 2024. Os dados revelam que:
- Acne foi o diagnóstico mais frequente, representando 9,5% dos casos — com quase 80% dos atendimentos realizados na rede privada, especialmente entre jovens de 13 a 24 anos.
- Psoríase, com 7,1% dos registros, predominou entre adultos de 25 a 59 anos, sendo mais comum também no atendimento privado, em grande parte durante consultas de retorno.
- Neoplasias malignas de pele apareceram em 6,9% dos atendimentos, com 58,3% dos casos diagnosticados na rede pública, evidenciando o papel central do SUS na detecção e encaminhamento de casos graves.
“A prevalência de acne entre os jovens é explicada pela busca por autoestima e pelas opções de tratamento hoje disponíveis, que incluem medicamentos altamente eficazes. O crescimento da rede privada também facilitou o acesso ao dermatologista”, detalha Dr. Heitor.
O câncer de pele, mais prevalente nos atendimentos da rede pública, segue sendo um dos principais focos de atuação da SBD. A entidade realiza anualmente a campanha nacional Dezembro Laranja, dedicada à prevenção, diagnóstico precoce e conscientização da população sobre os riscos da exposição solar sem proteção.
“Os dados nos mostram onde estão os principais desafios e onde devemos atuar. O aumento nos casos de câncer de pele reforça a necessidade de fortalecer campanhas de prevenção, além de ampliar a capacitação dos dermatologistas em cirurgia oncológica”, afirma o atual presidente da entidade, Dr. Carlos Barcaui.
Ele destaca ainda iniciativas como as parcerias com o Ministério da Educação para qualificar a formação médica e reduzir a fila de espera por atendimento de câncer de pele no SUS. Além dos cursos da Universidade da Pele, promovidos pela SBD, que são também voltados à oncologia e cirurgia dermatológica.
O levantamento é uma ferramenta valiosa para a SBD, seus serviços credenciados, dermatologistas e residentes em formação, profissionais da saúde, gestores, formadores de opinião e para toda a sociedade, contribuindo para a construção de um Brasil mais informado e com melhores condições de prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças de pele.