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Tempo seco e poluído: cuidados para aliviar desconfortos respiratórios

A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Academia Brasileira de Rinologia destacam que alguns cuidados podem ajudar a minimizar os malefícios da baixa umidade e poluição.

Imagem: Pixabay

 A piora da qualidade do ar, que ficou mais poluído em decorrência das queimadas em diversas regiões do Brasil, pode trazer sérias consequências à saúde. O alerta é da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e da Academia Brasileira de Rinologia (ABR). Conforme alertam, a situação traz efeitos negativos, como irritação das vias respiratórias, dificuldade de respirar, surgimento de coriza ou ressecamento na mucosa nasal, redução da capacidade filtrante do nariz e agravamento de quadros de doenças respiratórias, como asma e rinite alérgica.

Esse quadro para se agravar com as queimadas. As partículas tóxicas resultantes delas representam ameaça à saúde pública, especialmente para as populações com o sistema imunológico mais fragilizado, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias prévias. De acordo com o presidente da ABR e membro da ABORL-CCF, Otavio Piltcher, “as partículas da poluição e a baixa umidade não só exigem muito do nariz e seios da face, como causam inflamação no sistema respiratório. Esses danos ao revestimento interno das vias aéreas prejudicam todo o preparo do ar inspirado necessário a uma função respiratória adequada”.

Recentemente, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para 15 estados brasileiros e o Distrito Federal devido à baixa umidade do ar, que pode cair abaixo de 20%. As regiões afetadas incluem Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rondônia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal de umidade é de aproximadamente 60%. Acima ou abaixo desse percentual, a umidade pode oferecer riscos à saúde se o nariz não conseguir ajustar esse desequilíbrio.

Orientações – Nessas circunstâncias ambientais, é fundamental tomar medidas preventivas para diminuir a exposição a poluentes no ar. “Nos períodos de queimadas, o ideal é evitar ambientes externos e não realizar atividades ao ar livre. Se sair, o uso de máscaras N95 minimiza a entrada de partículas relacionadas à fumaça e à poluição”, destaca Piltcher, chamando a atenção para cuidados simples que podem manter o ambiente doméstico protegido e também garantir o bem-estar do organismo e a hidratação das vias aéreas. “É importante manter a casa bem fechada para evitar a entrada de partículas no ambiente. Além disso, deve-se beber bastante água”, orienta.

Além da hidratação adequada, muitos pacientes recebem alívio dos sintomas através das lavagens nasais. Essa é uma técnica reconhecida na medicina pelos efeitos positivos em pacientes com alergias respiratórias e outras disfunções das estruturas relacionadas ao nariz. Utilizando diversos dispositivos que produzem jatos nasais com soluções com diferentes salinidades, ela busca – através da umidificação da mucosa nasal, ajudar na manutenção do funcionamento saudável das vias aéreas, especialmente em condições climáticas e ambientais com baixa umidade relativa do ar. 

O presidente da ABR indica que “as lavagens nasais sejam feitas proporcionalmente à percepção de irritação nas vias aéreas, sem exageros”. Além disso, a hidratação nasal com aplicação de gel específico para o nariz e a nebulização são outras opções para manter o nariz umidificado.

A ABORL-CCF desenvolveu o “Manual de Lavagem Nasal na Criança e no Adulto” que pode ser acessado gratuitamente. No material, é possível visualizar o passo a passo da lavagem com os diferentes tipos de instrumentos, como garrafa apropriada e seringa.

Passo a passo da lavagem nasal:

  • A pessoa deve inclinar o corpo para frente, a cabeça lateralmente para um dos lados e aplicar o soro na narina que estiver mais elevada, para facilitar a saída da solução em direção à pia. 
  • Importante garantir o fechamento completo da narina acoplada ao dispositivo com a solução salina.
  • A pressão de introdução da solução deve ser sempre suave, o importante é o fluxo, não a pressão do jato. 
  • Se houver desconforto durante a lavagem nasal, interrompa o procedimento imediatamente e revise a técnica de lavagem.

“Não é recomendado nenhum tipo de limpeza com introdução de algodões, papéis ou qualquer elemento rígido no nariz, pois ao traumatizar a entrada nasal, poderá piorar ainda mais a situação pela formação recorrente de crostas, saída de sangue e até infecções dessa região. O manual também alerta para os riscos de lavagens realizadas de forma inadequada, principalmente, em crianças pequenas e idosos”, finaliza Piltcher.

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