Setembro Amarelo: mês de conscientização e prevenção do suicídio no Brasil
Setembro Amarelo destaca a importância do diálogo aberto, do apoio emocional e da prevenção ao suicídio em todas as faixas etárias, com foco especial na saúde mental dos idosos.
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Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre a prevenção ao suicídio, ganha importância vital em um momento onde a saúde mental enfrenta desafios sem precedentes. No Brasil, o suicídio é uma questão de saúde pública que afeta milhares de pessoas e famílias todos os anos. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 12 mil brasileiros tiram a própria vida anualmente. Esse número é alarmante e representa apenas uma parte de um problema ainda maior, já que muitos casos não são registrados oficialmente.
A depressão, sua principal causa, é um transtorno que afeta milhões de brasileiros. Estudos indicam que aproximadamente 11% da população do país sofrem de algum tipo de transtorno depressivo ao longo da vida. A pandemia de COVID-19 exacerbou essa situação, trazendo à tona sentimentos de isolamento, ansiedade e desesperança que, para muitos, se tornaram insuportáveis. O Setembro Amarelo surge como uma resposta a essa crise, promovendo a conscientização e o diálogo sobre a importância da saúde mental.
Entre os grupos mais vulneráveis, os idosos merecem atenção especial. O suicídio na terceira idade é uma realidade preocupante, com taxas de mortalidade que superam a média da população geral. O isolamento social, a perda de entes queridos, a sensação de inutilidade e o declínio físico são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de depressão e, consequentemente, para o suicídio em idosos. O psicólogo Marcelo Matias, especialista em saúde mental, enfatiza: “A depressão na terceira idade muitas vezes é subdiagnosticada e negligenciada, o que aumenta o risco de suicídio. É crucial que familiares e cuidadores estejam atentos aos sinais de alerta e ofereçam o suporte necessário.”
Os sinais de alerta para o suicídio podem variar, mas, entre os mais comuns estão mudanças bruscas de comportamento, isolamento social, perda de interesse em atividades antes prazerosas, fala frequente sobre morte e desesperança, e até mesmo o aumento no uso de álcool ou drogas. Identificar esses sinais precocemente pode ser decisivo para evitar que uma crise se agrave.
“O diálogo aberto sobre saúde mental e suicídio é fundamental para a prevenção. Muitos ainda têm receio de falar sobre seus sentimentos ou procuram esconder o que estão passando por medo de julgamento. No entanto, compartilhar essas emoções com pessoas de confiança ou procurar ajuda profissional pode ser o primeiro passo para evitar uma tragédia”, explica Marcelo Matias.
O Setembro Amarelo não é apenas um mês de conscientização, mas um chamado para a ação. Além das campanhas de sensibilização, é essencial que o acesso ao tratamento psicológico e psiquiátrico seja ampliado, especialmente para as populações mais vulneráveis, como os idosos. Políticas públicas eficazes, programas de apoio emocional e iniciativas comunitárias são fundamentais para criar uma rede de proteção que possa ajudar a salvar vidas.
O Brasil conta com recursos como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece apoio emocional gratuito e confidencial 24 horas por dia, via telefone, chat e e-mail. No entanto, é necessário que a sociedade como um todo esteja envolvida na causa. A prevenção ao suicídio começa com a empatia, a escuta ativa e a disposição de ajudar aqueles que estão em sofrimento.
Como ressalta Marcelo Matias, “o Setembro Amarelo é um lembrete poderoso da importância de cuidarmos da saúde mental de todos, especialmente dos mais vulneráveis. O diálogo, a compreensão e o apoio adequado podem fazer toda a diferença. Não podemos subestimar o impacto do sofrimento emocional na vida das pessoas. Ao oferecer ajuda e abrir espaço para a conversa, estamos dando um passo crucial para prevenir o suicídio e promover o bem-estar em nossa comunidade. Que este mês seja um catalisador para ações contínuas e efetivas na luta contra o suicídio no Brasil”.