Alerta genético: cariocas têm maior propensão à obesidade, aponta estudo

“Distrito Federal e Minas Gerais se destacam pelo alto índice de risco de hemocromatose, doença caracterizada pelo excesso de ferro no organismo, com risco de 73,3% e 69,6% na população, respectivamente”
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Um levantamento inédito realizado pelo Grupo DNA mapeou a predisposição genética para diversas condições de saúde em diferentes regiões do Brasil. Os dados revelam tendências significativas que podem impactar políticas públicas e estratégias de prevenção de doenças.
Entre os destaques, a pesquisa aponta que a população do Rio de Janeiro apresenta uma das maiores propensões genéticas à obesidade (44,0%). Isso sugere que intervenções nutricionais personalizadas são altamente necessárias para favorecer melhores hábitos de vida e reduzir o risco genético.
Além disso, compreender como a genética influencia esses aspectos de saúde pode auxiliar na formulação de estratégias de saúde pública mais direcionadas, garantindo tratamentos e prevenções mais eficazes para a população. Isso, a longo prazo, reduz o desperdício de gastos em saúde, tanto na esfera pública quanto privada.
Para o CEO do Grupo DNA de São Carlos/SP, Rodrigo Matheucci, “os dados mostram que a genética pode ser um fator determinante na forma como as diretrizes de saúde populacional devem ser conduzidas. Hoje, é possível obter centenas de análises genéticas preventivas com apenas um teste. Aplicando esse tipo de análise para grupos focados, podemos obter mapas populacionais e personalizar protocolos de conduta clínica e nutricional. Sabemos que a genética é diferente entre os indivíduos, e o cuidado com a saúde deve ser diferente também. No caso do Rio de Janeiro, a alta predisposição à obesidade, aliada à resposta significativa, sugere que políticas de saúde focadas em prevenção e monitoramento podem trazer impactos positivos para a população.”
Além da obesidade, o estudo identificou outros aspectos relevantes da saúde genética em diferentes estados brasileiros:
- Distrito Federal e Minas Gerais se destacam pelo alto índice de risco de hemocromatose, doença caracterizada pelo excesso de ferro no organismo, com risco de 73,3% e 69,6% na população, respectivamente.
- Santa Catarina apresenta um dos maiores índices de risco para cardiopatias variadas, risco de 43,9% vs 41,6% no Brasil como um todo. Dessa forma, é necessário atenção aos processos inflamatórios, ao metabolismo de lipídios (gorduras) e à pressão sanguínea.
- Rio de Janeiro também registra uma das maiores propensões ao envelhecimento de pele (55,7%), o que pode demandar ações preventivas mais intensas na região.
- Já o Distrito Federal apresenta 41,7% de risco à suscetibilidade de desenvolver asma, indicando uma maior vulnerabilidade genética aos potenciais efeitos climáticos da região. Esses dados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à conscientização e ao cuidado com problemas respiratórios.
- São Paulo lidera o risco estadual de propensão ao desenvolvimento da síndrome do ovário policístico (27,2%), condição que impacta o envelhecimento feminino e que pode ser de difícil identificação clínica.
De acordo com Rodrigo Matheucci, “a genética influencia diretamente a predisposição a diversas condições de saúde e a forma como cada população responde a doenças e tratamentos. O risco elevado de excesso de ferro na população de Minas Gerais e no Distrito, assim como o envelhecimento precoce da pele em Santa Catarina e a suscetibilidade ao tabagismo em outras regiões mostram a necessidade de estratégias preventivas específicas para cada contexto. Esse mapeamento genético permite que tanto a população quanto gestores de saúde adotem medidas mais assertivas, desde mudanças no estilo de vida até políticas públicas direcionadas. A medicina personalizada não apenas melhora a eficácia dos tratamentos, mas, também, impulsiona um modelo de saúde mais preventivo, acessível e alinhado às reais necessidades da população brasileira”.