Violência contra médicos cresce e desafia a segurança nos serviços de saúde

Segundo pesquisa do CFM, o estado de São Paulo concentra o maior número de ocorrências; AHOSP defende ações para garantir a continuidade da assistência
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Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) revela que, em média, 12 médicos foram vítimas diariamente, no último ano, de algum tipo de violência em um estabelecimento de saúde no Brasil. O dado é baseado na quantidade de boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil dos estados brasileiros em 2024: 4.562, ou seja, a cada duas horas, um médico passou por uma situação de ameaça, injúria, desacato, lesão corporal, difamação e furto, entre outros crimes, dentro de unidades de saúde, hospitais, consultórios, clínicas, prontos-socorros, laboratórios e outros espaços semelhantes, públicos ou privados. Segundo o CFM, essa é a maior quantidade da série histórica pesquisada pelo órgão.
Desde 2013, o Conselho Federal de Medicina contabilizou quase 40 mil boletins de ocorrência em que médicos denunciaram algum tipo de abuso sofrido em ambientes de saúde. Há, inclusive, registros de mortes desses profissionais.
De cada 10 registros médicos de casos de violência no País no ano passado, dois foram em São Paulo, que tem o maior número de registros médicos do Brasil (26% do total). Foram 832 boletins de ocorrência. Pouco mais de metade (53%) foi verificada na capital. Na maioria dos Bos, a autoria do crime é conhecida.
De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, o estado de São Paulo tem 24.931 estabelecimentos de saúde, entre públicos, sem fins lucrativos e privados. A Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado de São Paulo – AHOSP, acompanha com preocupação o aumento da violência contra médicos e demais profissionais de saúde e reforça que essa realidade exige ações conjuntas do poder público, das instituições e da sociedade.
O presidente da AHOSP, Anis Ghattás Mitri Filho, ressalta que a situação, além de comprometer a integridade física e emocional dos colaboradores, afeta diretamente a qualidade e a continuidade do atendimento, gerando atrasos, afastamentos e até evasão de profissionais do setor.
“Os serviços de saúde devem ser espaços de cuidado, não de hostilidade. Precisamos, de forma urgente, unir forças e buscar ações práticas de proteção aos trabalhadores, como a criação de grupos técnicos, a atuação política para endurecimento das leis, a sensibilização da sociedade e a qualificação dos profissionais para a comunicação não violenta”, observa.
“A AHOSP atua de forma direta nessa agenda, reunindo gestores, elaborando propostas, acompanhando discussões legislativas e articulando debates que possam garantir a segurança e condições dignas de trabalho para que os profissionais possam exercer sua função plenamente, preservando a qualidade e a continuidade da assistência prestada à sociedade”, enfatiza.