Vida de Médico: Dr. Walter Pace

Dr. Walter Pace: “. “Meu pai, Walter Amadeu Pace, foi sempre o meu maior exemplo. Ele foi um médico humanitário e altruísta”
A Medicina vem passando por grandes transformações. Do médico de família dos velhos tempos até a presença da cirurgia robótica e inteligência artificial no mundo contemporâneo foi um enorme avanço. Entretanto, o que não muda é a paixão pela Medicina, como é a história do ginecologista mineiro Walter Pace, que sempre manifestou seu amor pela profissão, desde cedo.
Ao longo dos anos, o Dr. Walter Pace construiu um currículo expressivo. Ele é Professor Doutor e coordenador geral da pós-graduação de Ginecologia Minimamente Invasiva da Faculdade Ciências Médicas de MG e Titular da Academia Mineira de Medicina e da Academia Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. É presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Personalizada, cargo que assumiu recentemente, presidente do PHD Pace Hospital, em Belo Horizonte, e médico do Centro de Endometriose do Hospital Santa Joana de São Paulo. É também conselheiro benemérito do Clube Atlético Mineiro-CAM.
Pace vem de uma família de médicos. “Meu pai, Walter Amadeu Pace, foi sempre o meu maior exemplo. Ele foi um médico humanitário e altruísta. Mas a escolha desta profissão foi também um desejo espontâneo e voluntário meu, desde a infância”, destaca Pace, acrescentando que “ainda bem pequeno me sentia atraído pela Medicina, me sentia fascinado pelo parto, pelo nascimento e pela possibilidade de ajudar casais a terem filhos. Isso me levou a querer ser ginecologista e a me especializar em reprodução humana”. A presença de vários médicos na família, com trajetórias bem-sucedidas, também foi uma referência importante. “Hoje, já formado e com uma trajetória firme nesta área, conto com o apoio da minha esposa e filhas”. O Dr. Walter Pace tem quatro filhas, sendo que três delas seguem a carreira do pai, na Medicina.
Para ele, a Medicina é um desafio permanente. “Fazer Medicina é um caminho muito difícil. Exige bastante sacrifício. É uma profissão que, desde o vestibular, principalmente para uma universidade federal, é preciso estudar muito para obter sucesso. Graças a Deus, passei por esta etapa”, frisa o médico, lembrando que os primeiros anos do curso foram muito complicados. “Fiz ao mesmo tempo Medicina e Administração. Então, foi um período bastante pesado, mas superei com sucesso”, recorda.
O passo seguinte foi entrar na Residência Médica, cujo desafio era enorme, e continua sendo até hoje, afirma. “No entanto, naquela época não havia tantas faculdades de Medicina. Em Belo Horizonte tínhamos apenas duas – a Universidade Federal e a Ciências Médicas. No Estado, não deviam ter mais que quatro. Então, fazer Medicina hoje é difícil, mas acho que naquela época era ainda mais difícil”, observa.
Após a Residência, outro desafio muito difícil era passar em um concurso para Pós-Graduação no Exterior. Eram poucas vagas e o Dr. Walter Pace obtive êxito. Ele conquistou uma bolsa do governo brasileiro para estudar em Paris, onde viveu experiências que marcaram profundamente a sua trajetória profissional. Uma delas foi conhecer o Dr. Raul Palmer, “Pai da Infertilidade da Laparoscopia”, seu orientador e mentor, entre os anos 1983 e 1985, com quem teve a oportunidade de operar.
Também estagiar com os médicos britânicos Robert Edwards e Patrick Steptoe, que desenvolveram a técnica da fertilização in vitro (FIV), e participar da equipe do primeiro bebê de proveta de Minas Gerais e terceirodo país. Além deles, o ginecologista mineiro lembra o Professor Jacques Hamou, “Pai da Histeroscopia”, que o ensinou a histeroscopia moderna, tornando-o pioneiro no procedimento no Brasil (1985).
Pace recorda ainda de Jean Cohen e René Friedman, pioneiros da Reprodução Assistida na França e no mundo, que foram, também, seus orientadores.
Outras figuras foram tão importantes como aqueles que o receberam em Paris, como os seus mentores na residência médica no Brasil, os professores Mário Dias Corrêa e Lucas Viana Machado.
O Professor Elsimar Coutinho, já falecido, é lembrado com emoção pelo Dr. Walter Pace, com o qual desenvolveu uma estreita relação de amizade e profissional. Coutinho é considerado um dos maiores nomes da ginecologia brasileira e mundial, um vanguardista, que defendeu a supressão da menstruação, sendo o primeiro médico a criar o anticoncepcional de longa duração. Dr. Elsimar entrou duas vezes na lista de indicações para o Prêmio Nobel. “Ele defendeu durante a vida toda a terapia de reposição hormonal, cuja importância é agora reconhecida por órgãos como o FDA, após anos de incompreensão por parte da sociedade médica”, ressalta o ginecologista, ao destacar ainda que Coutinho foi também um grande pesquisador da Organização Mundial de Saúde – OMS, e desenvolveu diversos medicamentos e métodos contraceptivos.
Para o Dr. Walter Pace, de sua época para cá, a medicina mudou demais. “No passado a relação médico-paciente era mais próxima e baseada na conversa, o que possibilitava resultados muito mais positivos”, afirma, lamentando que hoje, muitos jovens médicos interagem mais com os computadores do que com os pacientes”.
Apesar de todas as atividades médicas, divididas entre o consultório, o Pace Hospital, a pesquisa e a sala de aula, ele aprendeu a desenvolver hobbies e atividades para aliviar o estresse da profissão.
“Meu principal hobby é o futebol. Como costumo dizer aos meus amigos, de fato gosto mesmo é do Galo, sou completamente fanático e me sinto muito orgulhoso de ser Conselheiro do Clube Atlético Mineiro. Não perco um jogo sequer”, destaca.
Pace também corre, gosta muito de ler, assistir filmes e ir ao cinema. Também participa de algumas confrarias de vinho e de gastronomia. “Mas o melhor mesmo é estar com a minha esposa e filhas. É o que mais gosto de fazer”, enfatiza.




