Certificação garante ambiente mais seguro em Centros Cirúrgicos Brasileiros
Hospitais brasileiros vão contar a partir de agora com um ambiente mais seguro para a realização das cirurgias. É a Certificação da Segurança e Qualidade em Cirurgia e Procedimentos Invasivos, lançada pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), durante o XXXII Congresso Brasileiro de Cirurgia, de 28 de abril a 1º de maio, no Sheraton WTC, em São Paulo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) é alta a taxa de complicações decorrentes de internações cirúrgicas. A estimava é de que, nos países industrializados, a taxa chegue a 22%, e a taxa de mortalidade, esteja entre 0,4 a 0,8%. A OMS aponta ainda que quase metade desses eventos adversos era evitável.
Nos países em desenvolvimento, a taxa de mortalidade, associada a uma grande cirurgia, gira entre 5 e 10%. A Organização revela também que, pelo menos, metade dos eventos ocorre durante procedimentos cirúrgicos, chegando-se a quase sete milhões de pacientes vitimados por complicações significativas a cada ano. Destes, cerca de um milhão morre durante ou imediatamente após a cirurgia.
O CBC e o CBA desenvolveram um modelo de certificação com o objetivo de assegurar a eficiência nos procedimentos cirúrgicos dos hospitais brasileiros e dar mais assertividade aos métodos e processos diante a um procedimento cirúrgico.
De acordo com o coordenador de acreditação do CBA – parceiro brasileiro associado à Joint Commission International (JCI), maior agência internacional verificadora da qualidade e segurança em saúde do mundo –, José de Lima Valverde Filho, a Certificação em Segurança e Qualidade em Cirurgia Segura e Procedimentos Invasivos tem como principais objetivos enfatizar a importância da cultura da segurança e do comportamento seguro no processo cirúrgico, garantindo o cumprimento de técnicas seguras em todas as etapas que envolvam o escopo de uma cirurgia; aprimorar a educação dos profissionais; melhorar o gerenciamento do risco e fortalecer a confiança da comunidade na instituição de saúde.
Para isso, foi criado um manual de padrões de segurança, que tem como base a cartilha sobre os princípios de Cirurgia Segura, lançada há oito anos pela OMS. “No entanto, as avaliações para essa nova certificação abrangem etapas que vão muito além do ato cirúrgico, já descritos nos dez objetivos da cirurgia segura traçados pela OMS. Essa certificação engloba temas como gestão dos serviços de cirurgia e estabelecimento dos privilégios de cada profissional”, exemplifica.
CBC e CBA, unidos pela cirurgia segura
Responsável pelo desenvolvimento desse novo produto junto ao CBA, o ex-presidente (2014-2015) e atual membro do Conselho Superior do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Heládio Feitosa de Castro Filho, assegura que a certificação significa uma garantia de que a instituição está, realmente, cumprindo as determinações relativas à cirurgia segura da OMS e indo além do que preconiza o organismo internacional, já que o manual elaborado pelo CBC-CBA é mais abrangente.
“A OMS já tinha definido alguns critérios mínimos. Então, não se trata simplesmente de repeti-los, estamos indo além e introduzindo outros elementos, estabelecidos na forma de padrões divididos em três grupos, para que haja maior profundidade nessa avaliação e, consequentemente, maior segurança nesta certificação”, considera.
De acordo com Professor Feitosa, uma instituição poderá se submeter à avaliação de um determinado serviço de cirurgia ou determinado procedimento invasivo até a avaliação todo o departamento de cirurgia de um hospital, incluindo todos os serviços cirúrgicos. Conforme Maria Manuela Alves dos Santos, superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação, “o que percebemos durante o processo de acreditação é que o centro cirúrgico é uma área de muito risco. Por isso, ter uma certificação específica torna esse processo mais seguro para o paciente”, explica.
Para receber a certificação, a instituição de saúde deverá solicitar ao CBA uma avaliação de suas práticas, a fim de averiguar se as mesmas estão condizentes com a cirurgia segura.
É o próprio CBA que vai aferir se os padrões e critérios analisados atendem as exigências determinadas. “Se a organização cumpre todos esses requisitos, então o CBC, junto com o CBA, emite essa certificação, que garante condição de ambiente de cirurgia segura naquele hospital”, afirma o conselheiro do CBC. Caso os padrões não sejam cumpridos nessa primeira avaliação, o hospital tem um prazo para entrar em conformidade com os critérios exigidos.