No Brasil, a cada 10 minutos uma mulher é estuprada
De acordo com a psicóloga especializada em crise Daiane Daumichen, ninguém sai ileso de uma situação de estupro, e o adoecimento emocional é inevitável.
Nos últimos dias, o Brasil ficou perplexo com o caso do anestesista Giovanni Quintella, preso em flagrante por estuprar uma paciente durante o momento do parto. O caso gerou revolta e empoderou outras mulheres a denunciarem o crime.
De acordo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil teve média de 1 estupro a cada 10 minutos no ano de 2021, chegando a 56,1 mil casos. Neles estão incluídos os estupros de vulneráveis, com pessoas do gênero feminino como vítimas, com aumento de 3,7% em relação a 2020.
Conforme destaca a psicóloga especializada em crise, Daiane Daumichen, de São Paulo/SP, ninguém sai ileso de uma situação de estupro. O adoecimento emocional é inevitável. “São muitas as consequências para a saúde da vítima, seja no aspecto físico, psicológico, social e econômico”, comenta
Dados do Ministério da Saúde mostram que o TEPT (Transtorno do Estresse pós traumático) está presente em 23,3% das vezes que uma pessoa é estuprada. A especialista acrescenta que o transtorno é uma síndrome psicológica, um distúrbio de ansiedade caracterizado por sintomas físicos e emocionais que ocorre após uma situação crítica que pode causar trauma. A pessoa afetada tem pesadelos e flashes de memórias recorrentes do momento traumático, crises de ansiedade, isolamento, oscilação de humor e tristeza. Tais sinais vão gerar impactos decisivos na vida como um todo.
Nesse sentido, orienta, “é preciso ficar atento a gatilhos gerados em pessoas que já passaram por isso há algum tempo e ao ouvir a notícia passa a apresentar os sintomas novamente, que pareciam ‘curados’. Por isso, é fundamental que uma pessoa que está sofrendo de TEPT busque ajuda de um profissional o mais rápido possível”.
O tratamento consiste em psicoterapia associada, dependendo do caso, a medicamentos comumente usados para aliviar os sintomas do TSPT. Episódios de surtos psicóticos coletivos, cujo nome oficial nos manuais de medicina é “reação psicogênica de massa”, são registrados há pelo menos 600 anos — desde o século 14, quando ocorreram as “febres” de dança incontrolável que acometeram povoados inteiros na Europa, até uma grave crise de estresse que afetou adolescentes do Acre, após a vacinação contra o HPV, em meados de 2015.