Mais de 30 mil pessoas serão diagnosticadas por ano com câncer de pulmão no Brasil
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estimativas para o próximo triênio não são nada animadoras.
Foto: Pixabay
Agosto está chegando ao fim, mas as lições deixadas pela campanha “Agosto Branco” devem ser lembradas todos os dias. A campanha traz um alerta para um dos cânceres mais incidentes na população: o câncer de pulmão. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 30 mil pessoas serão diagnosticadas com câncer de pulmão no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. O oncologista Fernando Zamprogno, da Rede Meridional/Kora Saúde/São Paulo/SP, explica que o câncer de pulmão é o que mais mata no mundo e que esse dado revela o tamanho do desafio na busca do diagnóstico precoce e da prevenção.
Confira, a seguir, entrevista com o médico, que fala sobre as principais causas do câncer de pulmão, como é feito o diagnóstico e quais os tratamentos hoje disponíveis para esse tipo de enfermidade.
O que é o câncer de pulmão? – Câncer de Pulmão é uma neoplasia maligna, ou seja, uma proliferação de células que se acumulam de modo indevido e por um período indeterminado, adquirindo, assim, a capacidade de invadir tecidos ao redor, dentro do pulmão e de gerar metástase pelo corpo.
Quais as principais causas ou fatores de risco? – Nesse processo de formação do câncer, o maior fator de risco é o tabagismo. Ele é o responsável por cerca de 70% a 75% dos casos, mas outras causas também podem influenciar como, por exemplo, o gás radônio, presente em alguns granitos, sendo o segundo maior causador do câncer de pulmão, e a poluição atmosférica. Porém, existem alguns subtipos de câncer de pulmão que não têm relação com isso, mas são mais raros.
Quais os sintomas? – Em geral, essa é uma neoplasia que não causa sintomas iniciais, porque ela nasce no meio do parênquima pulmonar, um local que não provoca dor. Com o aumento do tamanho da lesão, podem surgir sintomas como, compressão de brônquio, causando tosse e falta de ar. Pode também invadir a pleura, causando falta de ar e cansaço. Eventualmente pode provocar sangramentos, que são eliminados pela pessoa por meio da tosse, por exemplo.
Como é feito o diagnóstico? – O diagnóstico é feito por biópsia, que pode ser cirúrgica ou minimamente invasiva. Os exames, que dão apoio e ajudam na suspeita da doença, são Raio-X e Tomografia, sendo a tomografia mais sensível, detectando a doença mais no início. Por isso, todo fumante, principalmente os que já fumam há mais de 20 anos, precisam fazer uma tomografia por ano, para buscar nódulos suspeitos. Isso ajuda a salvar vidas!
Quais as chances de cura? – A cura do câncer de pulmão depende do diagnóstico precoce e de uma boa operação. Além disso, as trocas e conversas entre cirurgiões e oncologistas ajudam no tratamento e na chance de cura. Todos que estejam passando por uma situação de suspeita de câncer de pulmão precisam de uma avaliação global.
O câncer de pulmão é o que mais mata no mundo e isso mostra o tamanho do desafio: fazer diagnóstico precoce e trabalhar na prevenção.
Prevenção, na concepção da palavra, é evitar que algo aconteça e eu preciso, então, não me expor ao risco patente. E, como comentei, o maior risco é o cigarro. É preciso combater o tabagismo de forma mais agressiva. Aceitar que o indivíduo fume por escolha, mesmo que isso possa gerar uma séria de doenças, não é o caminho. O caminho é combater o tabagismo!
Quais os tratamentos? – Para falar sobre tratamento, é inevitável citar a cirurgia. Ela é o grande esteio do tratamento, é por onde começamos a ganhar da doença. Fazemos uma avaliação cirúrgica, para retirar a lesão e, muitas vezes, os linfonodos, quando estão acometidos pela doença.
Além da cirurgia, temos também a quimioterapia, para alguns indivíduos, uso de uma droga oral, para outros, e imunoterapia. Isso para a pós cirurgia é o que chamamos de adjuvante. Os indivíduos que não podem se submeter à cirurgia, por estarem com a doença mais avançada, não o fazem porque os resultados alcançados com a quimioterapia com radioterapia, seguido de imunoterapia, são mais efetivos do que a cirurgia. Há que se pesar que as doenças mais avançadas são menos curáveis, infelizmente. Por fim, há o grupo em que, infelizmente, a doença está avançada, metastática, em que o tratamento é de controle, onde a cura é impossível, mas controlar a doença, sim, mesmo por um tempo longo.
O câncer de pulmão pode dar metástase para o próprio pulmão, para a pleura, para o mediastino, para o fígado, para o cérebro e para os ossos. O cérebro, infelizmente, é um dos grandes pontos de metástase e o prognóstico piora, infelizmente, com lesão cerebral. Mas há todo um esforço de tratamento, com cirurgia e demais terapias, tudo com o objetivo de tentar controla-lo ao máximo.