Mitos e verdades sobre a medicina reprodutiva
Casais homoafetivos podem ser pais biológicos e a saúde do bebê de FIV é frágil? Veja 7 mitos e verdades sobre essa área
Imagem: Pixabay
O que não passa de uma crença popular, como achar que ficar deitada ajuda as chances de engravidar, e o que é verdade na medicina reprodutiva? Ainda há muita desinformação sobre essa área, seja pelas pessoas nunca pesquisarem a respeito, fake news ou até mesmo devido a uma questão cultural.
“Há muito tempo como médico e professor em medicina reprodutiva, já me deparei com perguntas de todo o tipo, muitas que fazem sentido e têm uma explicação, e outras que são simplesmente mitos, que as pessoas costumam acreditar, por não terem um fundamento científico. Nesse sentido, é importante saber o que é verdade e o que não passa de um mito”, alerta o Dr. Renato Fraietta, especialista em Reprodução Humana na CPMR – Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva, e coordenador do Setor Integrado de Reprodução Humana da Universidade Federal de São Paulo. Como forma de dirimir dúvidas, ele relaciona abaixo alguns mitos e verdades da área:
- Óvulos congelados não mantêm a mesma qualidade = MITO – Os óvulos são congelados em nitrogênio líquido, em uma temperatura de -196°C, fazendo com que mantenham, a princípio, a mesma qualidade e características de quando foi feito o processo de congelamento.
- Maus hábitos podem prejudicar a fertilidade = VERDADE – Maus hábitos trazem malefícios em todos os quesitos da nossa vida. Na fertilidade não seria diferente. Bebidas alcoólicas, cigarro, obesidade e sedentarismo podem prejudicar consideravelmente a fertilidade do homem e da mulher. A gordura, por exemplo, pode alterar a produção dos espermatozoides, assim como o estresse pode diminuir a qualidade deles.
- Sorodiferentes podem ser pais = VERDADE – Se um indivíduo do casal for portador detectável de vírus HIV, existe a possibilidade da contaminação da parceira e do filho durante a gestação e parto. No entanto, é possível realizar o procedimento de forma segura. Primeiramente, há a necessidade de ficar com a carga viral indetectável, afinal, o indetectável não transmite. “Se a mulher for soropositiva, realizamos a inseminação intrauterina ou FIV, conforme o diagnóstico da mesma. Quando o homem é soropositivo, a técnica que oferece o menor risco de transmissão é a FIV com injeção intracitoplasmática de gametas, após dupla lavagem de sêmen”, explica o médico.
- Ficar deitada ajuda as chances de engravidar = MITO – Não há estudo que comprove isso, assim como, ficar com as pernas para cima.
- A criança concebida por tais técnicas tem a saúde frágil = MITO – Pelo contrário, a saúde é a mesma das crianças geradas de forma natural. Devemos lembrar que a diferença entre o processo da fertilização in vitro e da fertilização comum, ocorre apenas na fecundação, todo o restante da gestação é praticamente igual.
- Casais homoafetivos podem ter filhos = VERDADE – Desde 2013, conforme as regras do CFM (Conselho Federal de Medicina), casais homoafetivos masculinos e femininos podem realizar a reprodução assistida para gerar um filho biológico. “A técnica utilizada é a mesma usada para quem deseja a paternidade ou maternidade solo. Para o casal masculino, precisa-se de uma doadora de óvulos e de uma cedente temporária de útero. Para os casais de mulheres, um doador de espermatozoides.
- Procedimentos de reprodução assistida não podem ser realizados por quem tem o desejo de ser mãe ou pai solo = MITO – Diferente do que pensam, a maternidade e paternidade solo são realidades. No caso do homem, além de precisar de uma doadora de óvulos, também é necessário contar com uma parente consanguínea de até 4° grau para fazer a cessão temporária de útero. Já as mulheres podem fazer o procedimento por meio da FIV ou IIU, ambos procedimentos necessitando de um sêmen de doador.