Cigarro também afeta a saúde do coração
Dr. Roberto Kalil Filho: “o cigarro eletrônico, ou vape, faz tanto mal quanto o cigarro tradicional”
Apesar de todo mundo relacionar o cigarro ao câncer, ele também é prejudicial ao coração. Segundo o cardiologista Roberto Kalil Filho, presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP e diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, “o tabagismo é um dos maiores vilões contra a saúde, estando associado a várias doenças graves, além do câncer de pulmão, como enfisema pulmonar, obstrução de artérias coronárias, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e algumas outras formas de câncer”. Não foi à toa que a Organização Mundial da Saúde (OMS institui em 1987, a data 31 de maio como o Dia Mundial sem Tabaco, a fim de reduzir o número de fumantes.
Já está comprovado que fumantes apresentam risco de infarto do miocárdio 30% maior do que não fumantes e até de 50% maior de insuficiência cardíaca. “Fumar pode causar alterações clínicas em menos de uma hora”, explica o cardiologista. Após 30 minutos de uma tragada pode ocorrer aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, além da liberação de radicais livres, o que contribui para disfunção da parede das artérias, prejudicando a circulação sanguínea.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o governo gasta anualmente o equivalente a R$ 125 bilhões para tratar doenças e incapacitações provocadas pelo tabagismo, fortuna que poderia ser empregada em melhorias na saúde. Nos últimos anos, o número de fumantes no Brasil caiu drasticamente por causa de campanhas de conscientização, restrições em ambientes fechados e leis antitabagistas, incluindo o aumento do preço do produto.
Dados do Vigitel, do Ministério da Saúde, confirmam que entre 2006 e 2019 houve queda na prevalência de fumantes nas capitais brasileiras, passando de 15,7% para 9,8%. “Mas esse número ainda é assustador e, para piorar a situação, muita gente, principalmente os mais jovens, passou a usar o cigarro eletrônico com a falsa crença de que é inofensivo. Contudo, há vários estudos que comprovam que estes dispositivos eletrônicos fazem tão mal à saúde quanto o cigarro convencional, com risco de infarto de miocárdio pouco maior do que o do cigarro, ambos ultrapassando os 30%.”
Para o Dr. Roberto Kalil Filho, eventos como o Dia Mundial sem Tabaco, são fundamentais como alerta para a população. “Precisamos de todos os esforços por parte do governo e da sociedade civil para diminuir o tabagismo e o uso de cigarros eletrônicos, destaca”.