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Cuidados paliativos: métodos têm como objetivo aliviar a dor e controlar os sintomas da doença do paciente

Dr. Rodrigo Santos: “cuidados paliativos não são para pessoas que estão morrendo, são para quem quer viver com qualidade até o último momento de vida”

A data 14 de outubro foi instituída como o Dia Mundial de Cuidados Paliativos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) conceitua o termo como uma série de ações assistenciais em saúde voltadas a pessoas que apresentam um quadro grave ou avançado de determinada doença e sem previsão de cura. Apesar dos avanços, estimativas da própria OMS apontam que, em 2040, mais de 1 milhão de pessoas irão precisar do tratamento alternativo no país.

O médico intensivista, com área de atuação em medicina paliativa do Grupo São Lucas, de Ribeirão Preto/SP, Dr. Rodrigo Santos, explica que os métodos paliativos têm como alguns de seus objetivos aliviar a dor e controlar sintomas, assegurar o bem-estar e a qualidade de vida do paciente, atender às suas necessidades e as de seus familiares, agir de maneira preventiva e humanizar a assistência.

“Cuidados paliativos podem ser oferecidos nos diversos níveis de atenção em saúde. Tanto em consultórios e em hospitais, quanto no domicílio, na atenção básica e nos serviços de alta complexidade. O intuito é controlar sintomas como dor, falta de ar, fadiga, falta de apetite, sono irregular, medos, ansiedades e depressão, entre outros. Além disso, dar voz ao paciente, ouvir suas preferências, seus valores, o que importa para ele nesse momento e, principalmente, o que ele deseja quando sua saúde estiver mais debilitada”, detalha.

Inicialmente, os cuidados eram recomendados para pacientes com câncer em estágio terminal. Hoje, são indicados para pessoas com doenças cardiovasculares ou pulmonares avançadas, doenças neurodegenerativas (como Alzheimer, Parkinson, Esclerose em estágios avançados etc.), doenças congênitas, sequelas após acidentes ou condições de saúde.

“Cuidados paliativos não são para pessoas que estão morrendo, são para quem quer viver com qualidade até o último momento de vida. Quanto antes forem inseridos no tratamento, mais benefícios trará ao paciente, inclusive, concomitante ao tratamento da doença de base”, explica. Os principais cuidados são físicos, psicológicos, sociais e até mesmo espirituais, com equipes especializadas para cada ação. Santos ainda reitera a importância do envolvimento, compreensão e participação dos familiares no processo.

“É fundamental o apoio familiar nesse cuidado ao paciente que enfrenta uma doença grave e incurável. E por entender que isso é muito importante, o profissional em cuidados paliativos cuida do paciente e de sua família. O sofrimento do cuidador também faz parte da abordagem paliativa. A escuta ativa, o acolhimento, o olhar compassivo e o suporte multiprofissional fornecem mecanismos de melhor enfrentamento para o familiar e o paciente nesse momento difícil”, diz.

Regulamentação

Apesar de estudos científicos mostrarem benefícios e avanços, não existe uma lei que aborde os cuidados paliativos. O movimento da Frente Paliativista, presente na 17ª Conferência Nacional de Saúde realizada em julho desse ano em Brasília, é composto por pessoas de todas as profissões que abraçaram a causa pela luta da implementação de uma Política Nacional de Cuidados Paliativos na Atenção Básica. O médico reitera que evidências têm mostrado a importância do tema, inclusive, na questão de melhor alocação de recursos, debate importante do ponto de vista de financiamento em saúde e melhores condições para todos.

“A literatura médica traz várias evidências de que os cuidados paliativos estão associados ao melhor controle de sintomas e melhora da qualidade de vida das pessoas acompanhadas de forma precoce e durante o tratamento da doença. Diferente do que se imaginava no passado, os cuidados paliativos não estão associados ao menor tempo de sobrevida. Um importante estudo realizado em pacientes com câncer de pulmão demonstrou que quem seguiu com o oncologista e com a equipe de cuidados paliativos em conjunto viveu melhor e mais tempo do que os pacientes acompanhados apenas pela equipe de oncologia”, justifica.

Segundo ele, é preciso quebrar o estigma de que medidas paliativas estão relacionadas a uma situação em que não se encontram opções, mas sim, como um meio de viver até o último momento respeitando a individualidade, a vontade e o bem-estar do paciente.

“Esse cuidado e atenção estarão juntos do paciente e de sua família até o último momento. Mais do que isso, pois cuidados paliativos contemplam também a fase de luto daqueles que ficam”, conclui.

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