Dia da luta pela redução da mortalidade materna reforça importância das consultas e exames pré-natais durante o isolamento social
O ginecologista Gabriel Costa Osanan: “muitas gestantes estão deixando de fazer suas consultas de pré-natal ou ir ao hospital quando necessitam, por medo de serem contaminadas”. Crédito: Sogimig.
O dia 28 de maio marca o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna e o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher. No Brasil, a data foi instituída através da Portaria do Ministério da Saúde nº 663/94. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os dias, aproximadamente 830 mulheres morrem no mundo por causas relacionadas à gestação e ao parto. A maioria dessas mortes ocorrem em países em desenvolvimento. As principais complicações são a hipertensão na gravidez (pré-eclâmpsia e eclampsia); as hemorragias graves, principalmente após o parto; e infecções, especialmente após abortos inseguros. No Brasil, as três principais causas de mortalidade materna são, respectivamente, hipertensão, hemorragia e infecção. Em Minas Gerais – como no restante do mundo, hemorragia vem em primeiro lugar, seguida de hipertensão na gravidez.
O diretor da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Gabriel Costa Osanan, observa que que a maioria das mortes maternas no mundo ocorrem em países em desenvolvimento e são preveníveis. “A morte materna está intimamente relacionada ao status da mulher na sociedade e ao seu poder de decisão. São necessárias políticas públicas adequadas de contracepção e de cuidados pré-natais; além de uma mudança de postura de toda a população em relação a morte materna. Muitas das nossas mulheres não estão morrendo por doenças que não tenham tratamento ou prevenção. Elas estão morrendo por falta de cuidados, indiferença ou mesmo discriminação. É urgente, que as sociedades, em todo o mundo, tomem a decisão de que a vida de cada gestante ou puérpera vale ser salva”. Ele ressalta ainda que o planejamento reprodutivo, garantindo a gravidez saudável, no momento mais oportuno, é estratégia fundamental para se reduzir a mortalidade materna em todo o mundo.
Até 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, a meta mundial é reduzir a taxa global de mortalidade materna para menos de 70 por cada 100 mil nascidos vivos. Para que isso aconteça, cada país tem a sua meta. No caso do Brasil, espera-se reduzir para menos de 30 em cada 100 mil nascidos vivos. Para isso, um pré-natal adequado, o parto seguro e os cuidados após o nascimento com a mãe e a criança são essenciais.
Os trabalhos mostram um aumento da mortalidade materna e de suas crianças quando esses cuidados não estão disponíveis. Gabriel Costa Osanan ressalta a importância do cuidado obstétrico e destaca que “o atraso na decisão de uma gestante ou de sua família de procurar o serviço de saúde na gravidez quando necessita pode ser sério, assim como a ausência de meios de transporte ou financeiros para uma gestante realizar seu pré-natal ou mesmo ter seu parto em uma maternidade. Além disso, a falta de materiais ou protocolos claros em hospitais e maternidades para atender a grávida em seus diversos momentos na gravidez aumenta drasticamente o risco materno. É importante também ter profissionais de saúde capacitados para atender uma grávida nos seus diversos momentos na gravidez. Ele destaca ainda que a chance de uma mulher adolescente e de baixa renda morrer durante a gravidez ou puerpério é ainda maior, por falta desses cuidados básicos na gravidez.
Gestação em tempos de Covid-19
A pandemia da COVID-19 tem causado grande receio em toda população, inclusive nas mulheres grávidas. Muitas gestantes estão deixando de fazer suas consultas de pré-natal ou ir ao hospital quando necessitam, por medo de serem contaminadas. Contudo, especialistas alertam sobre os riscos de não realizar o pré-natal adequadamente, deixar de fazer os exames necessários ou evitar ir ao hospital quando necessitar. O diretor da Sogimig, Dr. Gabriel Osanan, enfatiza que a permanência do acompanhamento pré-natal e dos cuidados no parto e no pós-parto são fundamentais, nesse momento. “É por meio das consultas e exames de rotina que o médico poderá avaliar o desenvolvimento do feto e a saúde da mãe, repassando as orientações mais adequadas para cada fase do desenvolvimento. As consultas podem ter intervalo maior entre uma outra, a depender de cada caso, mas não podem ser negligenciadas. Há inúmeras intercorrências que são tratáveis quando diagnosticadas precocemente”, reforça.
Neste contexto, o ginecologista obstetra também chama a atenção para os riscos do parto feito fora do ambiente hospitalar. “ Existem algumas complicações que ocorrem durante o trabalho de parto e o nascimento, que são imprevisíveis, e que se não tiverem um tratamento imediato, podem causar inclusive a morte de mães, de seus filhos ou de ambos”, disse. O médico lembra que, no contexto de isolamento social, há situações que devem se manter no radar da gestante, especialmente se o acompanhamento pré-natal for feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “É válido ter em mãos os contatos do posto de saúde mais próximo para sanar eventuais dúvidas sobre consultas e exames e, assim, evitar o deslocamento desnecessário até a unidade básica de saúde. Havendo a necessidade do deslocamento, o alerta é para redobrar os cuidados contra a contaminação pelo novo coronavírus. Gestantes prestes a entrar em trabalho de parto devem ficar atentas quanto ao tempo de deslocamento até uma maternidade de referência, levando-se em conta o número reduzido do transporte coletivo circulando na cidade. Principalmente nesses casos, quando antes se dirigir ao hospital, melhor”.
Em números
- – Mais de 800 Mulheres morrem diariamente no mundo por causas evitáveis relacionadas à gestação e ao parto, segundo a OMS
- – As principais complicações representam mais de 50% de todas as mortes maternas. São elas hipertensão; hemorragias graves, infecções; complicações no parto e abortos inseguros.
- – Até 2030, a meta do Brasil é reduzir a taxa de mortalidade materna para menos de 30 por cada 100 mil nascidos vivos.
- – Estima-se que aproximadamente 50.000 mortes maternas adicionais poderão ocorrer, por causas não relacionadas ao COVID-19, caso o cuidado obstétrico seja abandonado durante a pandemia.
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