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Esteatose hepática ou gordura no fígado: atenção para o avanço preocupante da doença

A doença já afeta 1 em cada 3 pessoas no mundo. No Brasil, pesquisa revela desinformação sobre exames e aumento de fatores de risco como sobrepeso e obesidade

 Imagem: Criada através de IA

O dia 12 de junho foi marcado pelo Dia Internacional de Combate à Gordura no Fígado, uma doença silenciosa potencialmente grave, que já afeta cerca de um terço da população mundial, crescendo, assim, em ritmo de epidemia global. Se não tratada, pode evoluir para quadros graves que levam à necessidade de transplante. No Brasil, os reflexos desse cenário são alarmantes: em 2023, o país bateu recorde com 2.365 transplantes de fígado, que, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o número ainda é menos da metade da demanda estimada, evidenciando o avanço da doença e o crescimento preocupante da fila de espera.

A esteatose hepática é considerada uma epidemia silenciosa porque, nos estágios iniciais, geralmente não causa sintomas — o que dificulta o diagnóstico precoce. Com a progressão da doença, no entanto, sinais como, cansaço excessivo, fraqueza, fadiga e até hemorragias, podem surgir. Quando não diagnosticada e tratada, a doença pode evoluir para inflamação no fígado (esteato-hepatite), fibrose, cirrose e até câncer hepático. Em estágios mais avançados, pode levar à falência do órgão e à necessidade de transplante. Estima-se que até 2030, a esteato-hepatite seja a principal causa de transplantes de fígado.

Os últimos estudos revelam um cenário preocupante. De acordo com a Novo Nordisk, empresa  global em saúde e o Instituto Datafolha, 61% da população nunca fez ou não sabe quais exames detectam a gordura no fígado — mesmo que 62% dos respondentes afirmem que ficariam muito ou extremamente preocupados com esse diagnóstico. Entre os fatores mais citados como possíveis causas da doença estão o excesso de peso (58%) e o consumo de bebidas alcoólicas (46%).

Para a Dra. Marcela Caselato, diretora médica da Novo Nordisk/São Paulo/SP, os dados reforçam uma preocupação crescente. “De fato, o excesso de peso e o consumo de álcool são fatores de risco importantes para o desenvolvimento da gordura no fígado. E é justamente por isso que os resultados da pesquisa são tão alarmantes”, afirma. O estudo revelou que 66% dos brasileiros apresentam sobrepeso ou obesidade — um aumento de 11% em relação ao ano anterior, com base no Índice de Massa Corporal (IMC) calculado a partir do peso e altura informados pelos participantes. Além disso, 55% da população declarou consumir bebida alcoólica, percentual que sobe para 57% entre aqueles com sobrepeso ou obesidade, o que pode agravar o quadro clínico.

A especialista reforça que os dados da pesquisa evidenciam um importante alerta: “É fundamental que os pacientes compreendam que qualquer nível de gordura no fígado representa um risco significativo para a saúde como um todo — incluindo o aumento da incidência de doenças cardiovasculares, diversos tipos de câncer (não apenas o hepático) e formas progressivas da doença hepática relacionada à gordura”. Ela destaca ainda que a atenção deve ser redobrada em pessoas com fatores de risco, como obesidade, diabetes tipo 2, alterações em exames hepáticos, histórico familiar de doenças no fígado, consumo excessivo de álcool e dietas ricas em ultraprocessados, açúcares e gordura saturada.

Uma vez diagnosticada, a condição pode ser controlada — e até revertida, nos estágios iniciais da doença — principalmente por meio de mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e controle do peso.

O acompanhamento médico é essencial, destaca a médica, pois a maioria das pessoas diagnosticadas com a doença em estágio inicial não desenvolverá complicações graves, se gerenciadas adequadamente.

Conforme explica, o diagnóstico pode ser feito por clínicos gerais, endocrinologistas, hepatologistas ou gastroenterologistas, que podem solicitar exames laboratoriais e de imagem para avaliar o grau da doença. Além disso, o manejo adequado também envolve o controle de comorbidades associadas, como obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol elevado.

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