Estudo aponta dificuldade da Classe C em receber atendimento médico no SUS

Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva: “a pesquisa mostra que essa demora, muitas vezes, faz com que o diagnóstico atrase e doenças que poderiam ser facilmente tratadas acabam se agravando”
Foto: Pixabay
O Instituto Locomotiva acaba de divulgar a pesquisa “A Classe C e a Saúde: os Desafios de Acesso a Exames e Consultas”, com um retrato aprofundado sobre as dificuldades enfrentadas por esse segmento para conseguir atendimento médico. O levantamento evidencia que a demora na marcação de consultas e exames, além de gerar frustração, pode agravar problemas de saúde e comprometer tratamentos.
“A defesa do SUS, ainda mais depois da pandemia, é quase uma necessidade civilizatória”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. De acordo com ele, “os dados podem servir como insumo para gestores públicos buscarem soluções para resolver o dilema das filas para consultas e exames”.
Segundo ele, “a pesquisa mostra que essa demora, muitas vezes, faz com que o diagnóstico atrase e doenças que poderiam ser facilmente tratadas acabam se agravando. A imensa maioria dos entrevistados, 94% deles, acredita que reduzir o tempo de espera para consultas e exames deveria ser uma prioridade dos governantes”.
O levantamento também aponta que a população vê̂ benefícios na integração entre os sistemas público e privado, com 95% dos entrevistados apoiando medidas que facilitem o compartilhamento de informações entre os dois setores.
Principais conclusões – O estudo revela que a Classe C lida com barreiras significativas no acesso à saúde. Diante da demora no SUS, muitos buscam alternativas no setor privado. Os dados levantados pela pesquisa mostram que:
● 94% dos brasileiros da Classe C consideram que o tempo de espera no SUS coloca em risco a vida de muitos brasileiros.
● 63% enfrentaram pessoalmente ou conhecem alguém que teve um problema de saúde agravado pela demora no atendimento.
● 38% desistiram de uma consulta com especialista no SUS e recorreram ao setor privado.
● 32% desistiram de uma consulta com médico generalista no SUS e buscaram atendimento particular.
● 92% são favoráveis à oferta de um produto de saúde mais barato com cobertura exclusiva para consultas e exames.
● 96% acreditam que essa alternativa pode melhorar o acesso ao atendimento médico.
● 91% avaliam que essa solução pode contribuir para reduzir as filas para consultas e exames no SUS.
Metodologia da pesquisa – O estudo foi realizado entre os dias 19 e 21 de novembro de 2024, com 1,5 mil entrevistas distribuídas em todas as regiões do Brasil e aplicadas via autopreenchimento digital. A amostra foi ponderada por gênero, faixa etária, classe social e escolaridade, seguindo os parâmetros da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (PNADC) do IBGE. A margem de erro estimada é de 2,6 pontos percentuais.
“A Classe C é objeto constante dos nossos estudos há́ mais de duas décadas”, diz Meirelles. “Essa nova pesquisa é uma iniciativa da própria Locomotiva, como parte de um estudo maior que estamos realizando sobre os 20 anos da classe C no Brasil. A ideia é que se some as outras pesquisas que embasarão um livro sobre tema”.