Os riscos de se definir o grau dos óculos sem fazer a consulta com oftalmologista
Dr. Leiser Franco: “muitas doenças oculares são silenciosas e serão diagnosticadas apenas com exame oftalmológico completo por profissional habilitado”
Imagem: Pixabay
O médico oftalmologista é o profissional habilitado pela legislação brasileira para acompanhar a saúde ocular e realizar exames no paciente oftalmológico. Profissionais não-médicos não têm formação adequada para tal, enquanto um oftalmologista estuda seis anos de medicina e faz mais três de residência médica para assistir os pacientes. Contudo, ainda existem casos em que a população entrega os cuidados de sua visão a profissionais não-médicos.
Um caso recente aconteceu em Itumbiara, no sul de Goiás, onde a Secretaria Municipal de Saúde, Vigilância Sanitária e Departamento de Posturas deflagraram um atendimento de forma irregular em um hotel da cidade, com suposta consulta e armação grátis. Quando as equipes de fiscalização chegaram ao local, verificaram que não havia médico responsável, apenas um optometrista e que o serviço era cobrado. No local havia cerca de 50 pessoas aguardando o suposto atendimento médico. Na propaganda da empresa era nítida a realização de consultas, exames de vista e aviamento de receitas sem prescrição médica.
De acordo com a Sociedade Goiana de Oftalmologia, um exame da visão não se resume apenas na identificação do grau dos óculos. ‘‘Muitas doenças oculares são silenciosas e serão diagnosticadas apenas com exame oftalmológico completo por profissional habilitado. Os outros profissionais não têm essa capacidade para avaliar a saúde ocular. Além do que, muitas vezes, eles fazem o que se chama de venda casada. Eles oferecem um tratamento supostamente gratuito e colocam todos os valores embutidos nestes óculos que vão vender depois’’, explica o vice-presidente da entidade, Leiser Franco.
Optometrista – Vale ressaltar que a formação de um óptico-optometrista permite sua atuação nas áreas técnica e de laboratório de produtos oftálmicos, sendo sua função interpretar o receituário do médico oftalmologista, produzir lentes, montar e consertar óculos, cuidando de sua manutenção, e orientar na escolha do modelo mais adequado de lente e armação, de acordo com a necessidade apresentada pelo paciente.
O optometrista não faz a avaliação da visão, nem prescreve óculos e esta questão já foi inclusive julgada pelas instâncias superiores da Justiça. Tanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) entendem que optometristas, mesmo com graduação de ensino superior em optometria, não podem realizar exames de vista, diagnóstico de patologias e prescrição de lentes de grau.
‘‘Infelizmente, já nos deparamos com casos de profissionais não-médicos que, além de receitar óculos, começaram a fazer laser para a retina, a dar medicação. Eles não são médicos. Nosso papel é alertar a população quanto aos riscos’’, ressalta o presidente da Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO), Henrique Rocha. Para as pessoas saberem se o profissional é médico ou não, basta acessar o site do Conselho Federal de Medicina e colocar o nome dele.