Programa de Orientação Farmacêutica de Alta Hospitalar do HMB é estratégia de segurança para pacientes
Equipe farmacêutica do HMB.
Foto: Divulgação
Humanizando o cuidado no atendimento, a equipe de farmacêuticos do Hospital Municipal da Brasilândia (HMB), São Paulo/SP, promove a Orientação Farmacêutica de Alta Hospitalar. Um processo que instrui mais de 300 pacientes todos os meses. O acompanhamento individual começa na internação, continua durante o tratamento na unidade de saúde, com análise do histórico de medicamentos utilizados, e se mantém mesmo após a alta.
De acordo com a coordenadora de farmácia do HMB, Ana Cláudia Rocha, e uma das responsáveis pela implantação desse processo, “a dificuldade que muitos pacientes apresentam para o autocuidado em casa é o principal motivo pelo qual a orientação farmacêutica se faz necessária. Muitas vezes eles não têm acesso a um profissional de saúde na residência, fato que pode contribuir para eventos adversos com medicamentos e aumento na reinternação”. Assim, quando o paciente recebe alta, ele sai do hospital orientado quanto aos medicamentos e cuidados a tomar em casa e, até onde buscar os remédios se precisar.
Em São Paulo a assistência farmacêutica é uma estratégia de saúde pública. Só no ano passado a Prefeitura entregou medicamentos a mais de 29 milhões de pacientes atendendo a solicitação de 35 milhões de prescrições por meio das farmácias municipais da rede básica e especialidades.
Segurança do paciente – Esse cuidado evita o risco de readmissão hospitalar de um paciente por erro na administração dos remédios ou falta deles. Estima-se que 11% a 23% dos pacientes apresentam eventos adversos relacionados a medicamentos após alta hospitalar, sendo que 6% a 27% dos problemas poderiam ter sido evitados, e 6% a 33% poderiam ter severidade e duração reduzidas (FOSTER et al.,2005).
“A adequada orientação ao paciente em alta hospitalar é necessária para evitar, minimizar ou detectar precocemente eventos adversos”, enfatiza Anderson Rossatto, farmacêutico clínico e responsável pela educação continuada no processo de farmácia clínica.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), reação adversa é toda reação prejudicial ou indesejável, não intencional, que se apresenta após a administração de um medicamento. E, conforme o Conselho Federal de Farmácia, o erro na dosagem é o evento mais comum pós alta hospitalar. Por isso, faz todo o sentido para a segurança do paciente ter o acompanhamento dos profissionais.
O processo – A Orientação Farmacêutica de Alta Hospitalar no HMB tem o intuito de facilitar o cuidado com a saúde do paciente, principalmente no uso correto de medicamentos após a internação. Para que o processo ocorra com sucesso, algumas etapas são cruciais, como: conciliação medicamentosa, aconselhamento (educação em saúde) e revisão da farmacoterapia. “Com esse processo, procuramos, assim, melhorar a adesão ao tratamento, reduzir imprevistos em relação às reações e, sobretudo, diminuir readmissões hospitalares”, complementa Ana Cláudia.
Desde a chegada do paciente ao hospital, a equipe farmacêutica faz a admissão, evolui e prepara o Score Farmacêutico para definir a frequência de monitoramento. No momento da alta, após a prescrição dos medicamentos que serão utilizados em casa ser entregue à Enfermagem, é realizada a orientação, de forma verbal e impressa, sobre cuidados, horários e a maneira correta de administrar os remédios.
“São quatro tipos de orientações principais em relação aos medicamentos: a de uso geral, que aborda todos os tipos de medicamentos; quanto ao uso de insulina, que instrui sobre os locais de administração e armazenamento; a de medicamentos via sondas e ostomias, além da medicação inalatória, sobre seu manejo e uso”, informa Joyce Rayane da Silva, farmacêutica responsável pela pediatria do HMB.
Aqui tem remédio – No HMB a equipe responsável pela orientação farmacêutica pesquisa endereços para avisar sobre a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da residência do paciente no site “Aqui tem Remédio”, criado pela Prefeitura de São Paulo para facilitar a busca por medicamentos. Junto à indicação de localidade vão também, no manual de alta, os horários, dias e informações sobre os medicamentos que irão compor o tratamento.
“Para mim foi muito bom. Saio com todas as informações para dar continuidade ao tratamento do meu filho”, exalta Priscila Boniolo, mãe de Lourenzo de 6 anos.
Farmácia do HMB – A estrutura farmacêutica do HMB, unidade administrada pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento – IMED, para atendimento é de 116 profissionais, além de oito farmácias, sendo seis satélites, uma central e outra central para abastecimento. A equipe realiza, mensalmente, mais de 1.700 intervenções junto à equipe médica, com 80% de aceitação de média. O serviço também executa mais de 300 evoluções, 650 admissões, presta assistência à beira leito, reconciliação medicamentosa, score farmacoterapêutico e visita multidisciplinar, executando o ciclo completo de assistência voltado ao cuidado individualizado do paciente.