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Psiquiatras adotam IA para o tratamento da saúde mental

Sávio Arruda, do startup Serena: “nosso objetivo nunca foi substituir o médico, muito pelo contrário. A ideia é justamente apoiar o tratamento que esses especialistas estão realizando, oferecendo uma praticidade nunca vista”.

Ter acesso a um terapeuta 24h por dia, 7 dias por semana, parecia um sonho inalcançável há um tempo atrás. Porém, com o avanço da Inteligência Artificial e com o aval dos médicos, hoje esse tipo de tratamento está se tornando cada vez mais comum no Brasil. Em um país onde 90% das cidades têm menos de um psicólogo por mil habitantes e cerca de 11 milhões de pessoas diagnosticadas com depressão, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde – Opas, a tecnologia se apresenta para dar suporte aos especialistas.

É o caso do Dr. Marco Apud. Psiquiatra formado pela USP e com mais de 10 anos de atendimento em consultório, o especialista chegou a apostar na produção de conteúdo para suas redes sociais para ajudar a dar vazão ao alto número de pessoas buscando atendimento terapêutico. Com o avanço da IA, ele passou a conseguiu estender ainda mais o alcance de seus tratamentos. “A praticidade da IA é seu maior ativo. Isso porque muitas pessoas, quando estão em crises, precisam de um suporte imediato, independente do horário. Quando colocamos uma plataforma à disposição 24h por dia, conseguimos cobrir essa parte que antes era inalcançável para nós especialistas”, aponta Abud.

No seu dia a dia, Abud usa a plataforma Serena. Com a proposta de ser uma “terapeuta de bolso”, a solução integra uma inteligência artificial – treinada por psiquiatras – no WhatsApp. Assim, os pacientes podem ter acesso a qualquer horário, em qualquer dia, com tratamento terapêutico por meio de troca de mensagens por texto ou até mesmo voz. Tamanha praticidade fez a startup crescer sua base de usuários em mais de 300% nos últimos 3 meses.

O Dr. Marco Abud ainda destaca que plataformas como essa oferecem recursos variados, incluindo bibliotecas de conteúdo baseado em evidências, monitoramento de humor e técnicas de relaxamento. Ele ressalta que tais ferramentas podem ser utilizadas como suporte ao bem-estar e como complemento ao tratamento clínico tradicional.

“Nosso objetivo nunca foi substituir o médico, muito pelo contrário. A ideia é justamente apoiar o tratamento que esses especialistas estão realizando, oferecendo uma praticidade nunca vista. Por isso, os próprios médicos psiquiatras ajudam a produzir conteúdo que treinam a IA com as melhores orientações, de maneira personalizada para cada usuário. Ouvir uma voz amiga, em um momento de crise, tem um poder muito grande”, afirma o fundador da startup, Sávio Arruda.

Tecnologia pode ser a resposta para a crise de saúde mental – Para o Dr. Luis Guilherme Labinas, psiquiatra formado pela Unicamp, CEO do Instituto Labinas e também usuário da Serena, as ferramentas de IA são uma tentativa de aliviar essa pressão sobre o sistema e garantir que os pacientes tenham algum tipo de apoio quando não podem acessar diretamente um psiquiatra e um psicólogo. “Essas tecnologias oferecem uma solução intermediária para aqueles momentos em que o acesso ao profissional de saúde mental é limitado, fornecendo suporte imediato e personalizado. Isso pode fazer a diferença entre o paciente se sentir desamparado ou acolhido,” afirma. Porém, apesar dos avanços, os médicos são unânimes em afirmar que a IA não substitui o contato humano no tratamento de saúde mental.

De acordo com o Dr. Labinas , “a tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas ela apenas complementa a terapia. O vínculo humano e a escuta ativa continuam sendo a base da psiquiatria e da psicologia”.

Para os médicos, o uso da IA não deve ser visto como uma “automatização” do tratamento, mas, sim, como uma extensão do atendimento, que potencializa os resultados ao acompanhar o paciente de forma mais próxima, mesmo à distância.

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