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Uso incorreto de medicamentos: 40 milhões de mortes até 2050, diz estudo

Em 2022, o Ministério da Saúde identificou 85.718 amostras de bactérias resistentes a antibióticos no país

Imagem: Divulgação


Iniciar ou interromper o uso de antibióticos por conta própria pode até parecer inofensivo, mas traz consequências graves para o paciente e para a sociedade. O uso incorreto desse tipo de medicamento está entre as principais causas da resistência bacteriana — um problema de saúde pública que pode causar quase 40 milhões de mortes até 2050, segundo estudo do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington.

O total de óbitos por bactérias resistentes passou de 1,06 milhão em 1990 para 1,14 milhão em 2021. Em 2022, o Ministério da Saúde identificou 85.718 amostras de bactérias resistentes a antibióticos no país. Com quase 18 mil amostras, o Paraná ficou em segundo lugar, atrás de Minas Gerais. Para a médica Flávia Cunha, infectologista do Pilar Hospital, em Curitiba, esse tipo de informação é importante para que se tenha um cenário mais controlado. “E aqui temos uma vigilância muito ativa no que diz respeito a bactérias”, avalia.

Resistência bacteriana – As bactérias são microrganismos que têm, naturalmente, sensibilidade ou resistência a alguns antibióticos, explica a especialista. Tal resistência é um fenômeno natural, mas a maneira como os antibióticos são usados indiscriminadamente pode acelerar o tempo que leva para esses micro-organismos se tornarem resistentes e deixarem de responder ao tratamento.

“Então, quando se fala de resistência bacteriana, refere-se àquelas bactérias que adquiriram novas resistências e passaram a ser resistentes a antibióticos que antes elas eram sensíveis”, completa. O primeiro passo, nesse caso, é ajudar o profissional de saúde com o máximo de informações possíveis sobre o quadro para que ele indique o antibiótico adequado segundo critérios clínicos e, em seguida, seguir as recomendações. “Se não houver melhora, ao invés de abandonar o tratamento, é importante voltar a reportar ao profissional”, alerta.

Principais erros cometidos – Entre os erros mais comuns, a infectologista aponta a interrupção precoce do tratamento, ou seja, parar de tomar a medicação antes do tempo indicado pelo médico, o que faz com que as mais resistentes sobrevivam e se multipliquem. Ou, ainda, o uso desses medicamentos sem prescrição médica e sem necessidade, o que também aumenta o risco de seleção de bactérias resistentes. Além disso, a dosagem errada ou a reutilização de antibióticos guardados e não indicados para a infecção a ser tratada.

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