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Dezembro vermelho, AIDS e HIV: qual é a diferença e como é a vida dos soropositivos?

Dia 1 é celebrado o Dia Mundial da Luta contra a AIDS. O mês é dedicado ao cuidado, prevenção e acolhimento aos portadores

Imagem: Freepik- Divulgação

O Dezembro Vermelho simboliza a atenção ao HIV, uma sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana. Mais do que conscientizar, a campanha também tem o objetivo de acolher indivíduos soropositivos — termo utilizado para indicar que a pessoa é portadora do vírus. Segundo o Ministério da Saúde, a incidência de novos casos de HIV está cada vez maior entre os jovens de 20 a 34 anos, o que vem preocupando as autoridades de saúde.

Conforme afirma a Dra. Karina Santos, médica do Time de Saúde da Sami, de São Paulo, “para quem era adolescente ou adulto na década de 1980, isso pode parecer um flashback, pois nesse período o Brasil teve o primeiro caso de AIDS, seguido de um surto da doença. Naquela época, o assunto era visto de maneira extremamente preconceituosa e excludente”. No entanto, mais de 40 anos depois, acrescenta, “ainda encontramos muitos tabus e mitos sobre a AIDS e o HIV. Por isso, não somente agora, como em todos os outros dias do ano, é fundamental falar sobre a condição e levar informação de qualidade para mais e mais pessoas.”

Imunodeficiência – HIV é o nome dado ao vírus que origina a AIDS, conhecido cientificamente como vírus da imunodeficiência humana. Esse vírus pode invadir o organismo através do contato com sangue ou fluídos de uma pessoa infectada. É dessa forma que o indivíduo começa a ser considerado soropositivo e, mesmo sem apresentar sintomas, pode infectar outros indivíduos. A AIDS, por sua vez, é conhecida como síndrome de imunodeficiência adquirida, diagnosticada quando o vírus HIV se multiplica no organismo e começa a destruir as células de defesa. A doença atinge o sistema imunológico, fazendo com que ele deixe de defender o corpo contra agentes invasores. Por isso, é comum que pessoas com a doença desenvolvam complicações graves a partir de enfermidades relativamente simples, como gripes e infecções urinárias.

“Quem é portador do vírus não necessariamente tem AIDS – pois o mesmo pode permanecer adormecido por anos sem manifestar a doença. Mas, para uma pessoa desenvolver AIDS, é preciso que ela tenha contraído o vírus do HIV,” explica a médica. 

Formas de transmissão – Mesmo sem desenvolver a doença, quem tem o vírus HIV pode transmiti-lo para outras pessoas. Esse contágio pode ocorrer via transfusão de sangue contaminado; relações sexuais sem uso de preservativo, incluindo sexo vaginal, oral e anal. Isso faz com que a doença seja classificada com uma infecção sexualmente transmissível (IST); maternidade – quando a mãe é soropositiva, pode passar para o filho durante a gravidez, amamentação ou até mesmo no parto; compartilhamento de instrumentos perfurocortantes sem esterilização, como, por exemplo, alicates de unha, espátula ou seringas. 

Existem pessoas que vivem anos com o vírus sem apresentar sintomas, mas isso não significa que o vírus esteja sendo eliminado do corpo. Pelo contrário. A doença se multiplica silenciosamente. Dessa forma, o funcionamento do sistema imune é afetado gradualmente, caminhando para o desenvolvimento da AIDS. Nesse estágio, é comum que a pessoa tenha episódios recorrentes de garganta inflamada, dor de cabeça, febre baixa, cansaço excessivo, ínguas inflamadas, diarreia e feridas na boca. Quando o quadro se agrava, evoluindo para um diagnóstico de AIDS, a pessoa pode apresentar febre alta com frequência, dificuldade para respiração, feridas na região genital, manchas na pele, tosse constante e perda de peso. Assim, “quanto antes a detecção for feita, melhor. Isso porque na fase inicial é mais fácil de controlar o vírus, além de impedir a sua disseminação”, destaca a médica.

Como se prevenir? – Usando preservativo desde o início da relação sexual; fazendo profilaxia pós-exposição (PEP): usando medicação antirretroviral após uma situação onde tenha risco de contato com o vírus, como, por exemplo, acidente com sangue infectado, escape ou rompimento do preservativo, relação sexual desprotegida ou caso de violência sexual. Para tanto, o tratamento deve ser iniciado o mais precoce possível. Tem maior eficácia quando começado até 2 horas e no máximo até 72 horas após o contato, devendo ser mantido por 28 dias.

Importante ser destacado também que a profilaxia Pré-Exposição (PrEP) se dá com o uso contínuo do medicamento por pessoas que não têm o vírus. É indicado para quem tem grande risco de se infectar.

Prevenção da transmissão vertical: a testagem para o HIV está nos exames de pré-natal, pois o tratamento adequado previne que o bebê contraia o vírus. É necessário também que o bebê use medicação no primeiro mês de vida. Nesses casos, a amamentação é contraindicada.

A realização do teste também pode ser caracterizada como prevenção se pensarmos que, ao ser diagnosticada, a pessoa iniciará o tratamento. Todo o tratamento para o HIV, inclusive o PrEP e o PEP, é ofertado pelo SUS. A janela imunológica refere-se, basicamente, ao período entre o contato infeccioso com um soropositivo e o tempo que o corpo leva para produzir os anticorpos necessários para combater a infecção – a ponto de serem identificados no exame laboratorial. 

Conforme ressalta a Dra. Karina, “a janela imunológica do HIV é de 30 dias. “Portanto, é preciso aguardar 30 dias após a situação de risco para o vírus ser detectado por meio do teste. A atenção ao prazo é essencial para evitar um resultado falso negativo”, explicando que ainda não há uma maneira de eliminar totalmente o vírus do organismo. Contudo, atualmente, o acesso aos testes e aos medicamentos para controlar o HIV e tratar a AIDS possibilita que o paciente tenha uma vida longa e saudável”.

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