CampanhasÚltimas Matérias

Disfagia:  causas, sintomas e consequências da doença

Dentre as causas mais comuns estão a presença de doenças neurológicas, tais como, acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico, Parkinson e Alzheimer.

Foto: Freepik

O Dia Nacional de Atenção à Disfagia é comemorado há 15 anos, todo dia 20 de março, numa iniciativa da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.   O objetivo da data é ampliar a divulgação sobre sintomas, consequências e tratamento da patologia, ainda pouco difundida junto a população brasileira, de forma a alertar as pessoas sobre a importância do diagnóstico e do tratamento precoces da doença, cujo distúrbio pode afetar diferentes partes do trato digestivo, desde a boca até o estômago.

De acordo com pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) publicada pela Scielo, de 16% a 22% das pessoas acima de 50 anos, e de 70% a 90% das pessoas idosas no país sofrem da condição, que é a dificuldade e/ou a incapacidade de deglutir alimentos ou até mesmo a saliva de forma segura e adequada.

Dentre as causas mais comuns estão a presença de doenças neurológicas, tais como: acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico, Parkinson, Alzheimer, paralisia cerebral, doenças oncológicas, como câncer de cabeça e pescoço, pulmonares e tumores de sistema nervoso central e linfomas, bem como pacientes que fizeram uso de ventilação mecânica invasiva, doença pulmonar obstrutiva crônica e, no cenário atual, a Covid-19, assim como o envelhecimento natural.

Conforme explica a coordenadora da equipe de fonoaudiologia do Vera Cruz Hospital, em Campinas/SP, Rebeca Torezim, “a disfagia pode resultar de um distúrbio na passagem do alimento da orofaringe para o esôfago (disfagia orofaríngea) ou na passagem pelo esôfago até o estômago (disfagia esofágica). A primeira, também chamada de ‘disfagia alta’, acontece durante a fase oral e/ou faríngea da deglutição. Já a segunda, ‘disfagia baixa’, ocorre quando os alimentos estão na fase esofágica da deglutição”.

Os sintomas mais comuns são a dificuldade para engolir e engasgos frequentes; a pessoa percebe que pode estar desenvolvendo a condição caso apresente perda de peso acentuado, tempo aumentado para realizar refeições e tosses e pigarros frequentes durante e/ou após comer. “Pode ter uma sensação de ‘algo parado na garganta’, aumento de tosse e pigarro durante a refeição, e evoluir com broncoaspiração, que é a entrada de alimentos, líquidos, saliva, vômito nas vias aéreas, causando pneumonia, traqueobronquite, infecções pulmonares, obstrução de vias aéreas e até a morte. Assim, é preciso ter atenção a certos sinais:

•       Dificuldade para mastigar e/ou engolir alimentos e líquidos;

•       Necessidade de engolir várias vezes a porção de alimento e/ou líquido colocado na boca, ou, até mesmo, a própria saliva;

•       Tempo de refeição mais longo que o habitual;

•       Dor para engolir;

•       Sensação de alimento parado na garganta;

•       Tosse ou pigarro constante durante e/ou após a alimentação;

•       Mudança na voz após engolir;

•       Mudança na cor da pele durante ou após a alimentação (palidez/cianose ou “pele roxa”);

•       Falta de ar;

•       Perda de peso ou inapetência;

•       Internações frequentes por pneumonia ou infecções respiratórias;

•       Resíduo alimentar na boca após engolir.

Diagnóstico e tratamento – O diagnóstico é realizado multidisciplinarmente, com fonoaudiólogo, médico, gastroenterologista, otorrinolaringologista, nutricionista, entre outros.

Inicialmente, é feita uma avaliação clínica, podendo ser indicados exames instrumentais (videonasofibroscopia da deglutição, feito por especialistas em otorrinolaringologia e fonoaudiologia. Outro exame é a videodeglutograma, exame de imagem fonoaudiológico).

“O fonoaudiólogo é o profissional capacitado para o diagnóstico funcional e a reabilitação das disfagias orofaríngeas, sendo imprescindível sua atuação para identificação de causas, indicação de reabilitação e orientação sobre as modificações necessárias (consistência dos alimentos mais seguras; exercícios necessários fortalecer e estimular os processos de deglutição; manobras para deglutição; organização de ambiente e demais estratégias que o profissional julgar importante)”.

O tratamento depende de cada caso e da gravidade. Pode ser curável, mas alguns casos potencialmente não reabilitáveis são trabalhados por meio de intervenção fonoaudiológica, medidas adaptativas e compensatórias. “Para a disfagia esofágica, o tratamento é focado na origem do problema, o que pode ser feito com a prescrição de medicamentos que atuam na inibição da produção de ácidos para pessoas que apresentam refluxo, por exemplo. Caso haja necessidade, podem ser indicados procedimentos que dilatam o esôfago ou cirurgia para quadros desenvolvidos por tumores”, detalha a médica.

A disfagia orofaríngea pode levar à aspiração traqueal do material ingerido, de secreções orais, ou ambos. A aspiração pode causar pneumonia e, se recorrente, uma doença pulmonar crônica. Se prolongada, muitas vezes leva a uma alimentação inadequada, emagrecimento, perda ponderal, desnutrição, redução da qualidade da vida e impacto social (privação do prazer de se alimentar).

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo