Casos de câncer de pâncreas podem quase dobrar até 2050

Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, a doença pode saltar de 510 mil para 998 mil casos em 2050, um aumento de 95,4%. Por ser silenciosa no início e não haver exame de rastreamento, o desafio diante da doença está em fazer o diagnóstico precoce
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Com 510 mil novos casos por ano, segundo a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), o câncer de pâncreas é o 11º tumor maligno mais comum em homens e mulheres no mundo. Recentemente, o chef e apresentador Edu Guedes passou por uma pancreatectomia robótica em São Paulo, para remoção de um tumor no pâncreas.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), em levantamento feito na base Cancer Tomorow do IARC/OMS, observa dados preocupantes em relação ao aumento da incidência global da doença. A projeção é que até 2050, o número de casos de câncer de pâncreas pode quase dobrar (aumento de 95,4%), saltando para 998 mil casos/ano. Se medidas efetivas não sejam adotadas, a mortalidade pela doença saltará de 467 mil registradas em 2022 para 936 mil no ano de 2050, dobrando o número anual de óbitos (100,3%).
Os principais fatores de risco para desenvolvimento da doença são o tabagismo, obesidade, diabetes, pancreatite crônica e síndromes hereditárias. Além da mudança no estilo de vida, a SBCO destaca a importância da atenção aos sintomas de fadiga, perda de peso, dor abdominal, olhos e pele amarelados, náuseas e dores nas costas. “Embora inespecíficos, são sinais de alerta para consultar um médico. Não há um exame de rastreamento eficaz para detectar precocemente o câncer de pâncreas, tornando essencial a atenção aos fatores de risco e sinais”, destaca o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO.
Segundo o levantamento SEER (Surveillance, Epidemiology, and End Results Program) do NCI, com diagnóstico precoce, a taxa de sobrevida em cinco anos dos pacientes com câncer de pâncreas é de 44%,. Embora esteja havendo uma crescente incidência em pessoas mais jovens, quase sete em cada 10 pacientes (68%) dos tumores pancreáticos malignos são diagnosticados a partir dos 65 anos. Quando somados com a faixa de 55 a 64 anos, os casos representam 90% de toda a incidência da doença, de acordo com o National Cancer Institute (NCI), dos Estados Unidos.
Fatores de risco comuns:
- Tabagismo: fumar cigarros, charutos, cigarro eletrônico e outras formas de tabaco.
Obesidade: principalmente se você tiver excesso de peso na cintura.
Diabetes: especialmente diabetes tipo 2. Diabetes de início súbito pode ser um sinal de câncer de pâncreas. - Exposição a certos produtos químicos, como pesticidas e petroquímicos.
Pancreatite crônica: inflamação permanente do pâncreas. - Pancreatite crônica hereditária devido a alterações genéticas (mutações) transmitidas de pais biológicos para filhos.
- Síndromes hereditárias com alterações (mutações) em genes, como os genes BRCA1 ou BRCA2, transmitidos de pais biológicos para filhos.
- Consumo excessivo de álcool
Tratamento – Em relação ao tratamento, é necessário fazer uma análise criteriosa sobre o estágio da doença, da localização do tumor, da saúde geral do paciente e de outros fatores biológicos. “A cirurgia costuma ser o tratamento mais eficaz.
Conforme explica o Dr. Rodrigo Pinheiro, existem dois tipos de abordagens possíveis para o pâncreas: a cirurgia potencialmente curativa, realizada em estágios iniciais, indicada em cerca de 20% dos casos, e a cirurgia paliativa, realizada quando a doença está disseminada, com o objetivo de aliviar os sintomas e prevenir complicações.” Outros tratamentos não-cirúrgicos, indicados caso a caso, também contribuem para aumentar a sobrevida dos pacientes, como a quimioterapia e a radioterapia.