Miomas uterinos podem causar sangramento anormal, dor pélvica, sintomas urinários e infertilidade

Dr. Walter Pace: “apesar de não apresentarem risco elevado de câncer, podem causar impactos significativos na qualidade de vida”
Os miomas uterinos são os tumores benignos mais frequentes entre as mulheres, especialmente em idade fértil. Apesar de não apresentarem risco elevado de câncer, podem causar impactos significativos na qualidade de vida. Segundo o ginecologista Walter Pace, Professor Doutor em Ginecologia e Titular da Academia Mineira de Medicina, o principal sintoma é o sangramento uterino anormal que, em alguns casos, pode levar à indicação da histerectomia (retirada do útero).
De acordo com o Ministério da Previdência Social, somente em 2023, a doença afastou cerca de 40 mil mulheres dos postos de trabalho. Fatores hormonais e genéticos podem estar associados ao surgimento dos miomas uterinos – que podem ocasionar inúmeros sintomas no organismo. “Além do sangramento, outras manifestações incluem dor pélvica, sintomas urinários causados pela compressão da bexiga e, em casos de miomas de grande volume, alterações intestinais. Dependendo da localização, eles também podem interferir na fertilidade e dificultar a gravidez”, explica o Dr. Walter.
O diagnóstico começa pela avaliação clínica, com histórico detalhado e exame físico. Exames de imagem, como ultrassonografia, ressonância magnética e histeroscopia (procedimento que permite a visualização do interior do útero), podem confirmar a presença e a localização dos tumores.
“Hoje, felizmente, a cirurgia minimamente invasiva permite abordar os miomas de forma menos agressiva, preservando a anatomia e a função do útero sempre que possível”, afirma o especialista. Entre as técnicas, destacam-se a videohisteroscopia, indicada para a retirada de miomas internos (submucosos), a videolaparoscopia, que atua de fora para dentro do útero, e a cirurgia robótica, reservada para casos mais complexos.
No tratamento, a prioridade é seguir a filosofia do minimamente invasivo, iniciando pela abordagem clínica. “Os implantes hormonais, especialmente os de gestrinona, têm se mostrado uma excelente alternativa. Há estudos que comprovam sua eficácia na redução do volume dos miomas e no controle dos sintomas, principalmente o sangramento”, explica o ginecologista. Outros recursos incluem o uso dos progestagênios, que podem ser realizados por subcutânea (implantes hormonais), via oral (comprimidos), além de outras vias.
Quando o tratamento medicamentoso não é suficiente, há a cirurgia. Neste caso, é fundamental considerar o desejo reprodutivo da paciente. “Para as mulheres que ainda pretendem ter filhos, a abordagem deve ser minimamente invasiva. Nosso objetivo é preservar o útero e evitar intervenções radicais”, reforça o Dr. Walter Pace.
Segundo o médico, o diagnóstico precoce é determinante para evitar complicações e a necessidade de cirurgias mais invasivas. “Quanto antes identificarmos e tratarmos, maiores as chances de controlar a doença de forma eficaz, preservando a saúde e a qualidade de vida da mulher.”