Varíola dos macacos: o que é e qual o risco de transmissão?
O mundo mal acabou de enfrentar uma pandemia e vive agora sob nova ameaça. Os recentes casos registrados em diversos países de pacientes contaminados pelo vírus monkeypox acendem um sinal de alerta geral. Ele foi descoberto em 1958, em macacos, e, em 1970, foi descrito o primeiro caso humano na República Democrática do Congo, África. O vírus é do mesmo gênero da varíola humana, erradicada em 1980. Por esta razão, a varíola dos macacos, como esse novo “surto” vem sendo denominado, tem chamado a atenção pelo medo do ressurgimento da varíola, mesmo por um vírus com características diferentes.
Conforme explicam os médicos Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros, da UNIFESP e Diretor da SPI, e Silvia Figueiredo Costa, da FMUSP e também diretora da SPI, “a varíola dos macacos é uma doença endêmica em regiões de floresta da África Central e Ocidental. O surgimento de diversos casos na Europa e nos Estados Unidos da América tem sido um alerta para novos surtos comunitários entre humanos, em diversas regiões do mundo. Apesar do nome, os macacos não são reservatórios do vírus. Provavelmente, o principal reservatório são roedores que habitam a África Central e Ocidental”.
O contágio se dá através das vias respiratórias, por pequenas gotas eliminadas pela fala, tosse e espirro pela pessoa doente. Pode ser inalado pelo indivíduo susceptível, por contato com lesões ativas ou membranas mucosas. Pode ser transmitido também por mordida ou arranhão de um animal doente ou mesmo no preparo de um animal selvagem para alimentação (caça).
Entre pessoas, o indivíduo precisa estar próximo da pessoa doente, menos de 2 metros, para ser contaminado. A transmissão por aerossóis (gotículas no ambiente) não parece ser importante na transmissão. No surto atual, a transmissão sexual também tem sido identificada.
Sintomas – De acordo com os Drs. Eduardo Alexandrino e Silvia Figueiredo, a doença tem um período de incubação de cinco a 21 dias. O paciente inicia com febre, calafrios, mal-estar, dor de cabeça, mialgias e aumento de gânglios (linfadenopatia), sintomas estes semelhante a outras doenças infecciosas. Em seguida, apresentam lesões na pele como a catapora, com a diferença que as lesões da varíola dos macacos evoluem no mesmo estágio. Elas começam com uma mancha vermelha, que evolui para pápula, vesícula, pústula e crosta. Na maior parte dos casos, começam no rosto e se espalham pelo corpo. A taxa de letalidade é inferior a 10%.
O primeiro caso confirmado da doença no Brasil foi reportado em São Paulo, no dia 9 de junho, mas não há, até o momento, qualquer registro de casos autóctones no país, ou seja, de familiares do paciente contaminados por ele.
Diagnóstico e vacina – Conforme os médicos informam, o diagnóstico se dá por testes moleculares (PCR) ou sequenciamento, que detectam sequências específicas do vírus em amostras do paciente.
Eles destacam também que a vacina contra a varíola comum protege contra a varíola dos macacos. Segundo estudos em surtos previamente descritos, ela protege em 85% dos casos. Pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais suscetíveis, já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas no mundo quando a doença foi erradicada em 1980.
Como medidas preventivas, são importantes a higienização das mãos, antes e após o contato com um caso suspeito ou confirmado, o uso de máscara (PFF2-N95) e de luvas descartáveis sempre que estiver em contato com o paciente e ao manusear vestuário e roupas de cama, caso a pessoa infectada não possa fazê-lo sozinha. Todo paciente suspeito deve ser isolado.