Acesso ao contraceptivo DIU aumentou significativamente no Brasil

Este aumento demonstra um progresso no planejamento familiar e nos cuidados com a saúde reprodutiva da mulher.
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O Ministério da Saúde registrou um aumento de 55% no número de dispositivos intrauterinos (DIUs) – método contraceptivo de longa duração – inseridos a partir do atendimento na atenção primária nos últimos dois anos. O aumento representa um salto de 52.000 procedimentos em 2022 para mais de 80.000 em 2024. Este avanço demonstra um progresso no planejamento familiar e nos cuidados com a saúde reprodutiva da mulher no país onde cerca de 62% das mulheres já tiveram pelo menos uma gravidez não planejada, principalmente, por dificuldades relacionadas ao uso de contraceptivos.
O DIU, disponível nas versões de cobre e hormonal, é um método altamente eficaz na prevenção da gravidez, com 99% de eficácia, mas, atualmente, é utilizado apenas por 4% das mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos). Já a pílula anticoncepcional é usada por 38% e o preservativo masculino por 21%.
O ginecologista Rodrigo Mirisola/São Paulo/SP afirma que programas de conscientização são um pilar essencial para combater mitos sobre DIU e promover mais autonomia de escolha para a mulher: “a educação sobre a saúde feminina é fundamental para continuarmos progredindo em pautas como o planejamento familiar e o desenvolvimento social e econômico das mulheres. Com acesso à informação de qualidade, podem discutir mais profundamente o método contraceptivo mais adequado às suas realidades, junto a um especialista”.
Capacitação em prol do acesso – Atualmente, menos de 20% das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) no Brasil realizam a inserção do DIU. A capacitação de profissionais no Sistema Único de Saúde é outro fator apontado como essencial para expandir ainda mais o acesso a contraceptivos de longa duração.
De acordo com o Dr. Mirisola, além da contracepção, o DIU representa uma solução para outras questões de saúde feminina. “No caso do DIU hormonal, já temos estudos que demonstram a eficácia do método como tratamento do sangramento uterino anormal (SUA) e mecanismo de proteção endometrial, em casos de reposição hormonal para mulheres na menopausa. Capacitar profissionais da saúde para este cenário representa um passo significativo na melhoria da qualidade de vida de meninas e mulheres”, destaca.
Além de fortalecer a atenção primária como porta de entrada para o acesso ao DIU, a capacitação também dialoga com compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, no campo dos direitos reprodutivos. A ampliação do método na rede pública contribui para a redução de desigualdades regionais e socioeconômicas, uma vez que mulheres em situação de vulnerabilidade frequentemente enfrentam barreiras no acesso a métodos contraceptivos modernos.
O impacto positivo desse movimento recaí sobre indicadores como, mortalidade materna, evasão escolar e inserção econômica de mulheres jovens. Ao evitar gestações não planejadas, as mulheres encontram condições mais favoráveis para decidir sobre suas trajetórias de vida.
Em São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde reporta uma média de 800 inserções de DIU por mês nas UBSs da capital, com unidades como a da Vila Mariana, na zona sul, realizando cerca de 15 procedimentos mensais sem fila de espera, mediante agendamento – um exemplo que demonstra a importância da participação ativa das pacientes no manejo da própria saúde. O Dr. Mirisola reforça que “ampliar o acesso ao DIU não é apenas uma estratégia de saúde pública, mas uma política de futuro, que fortalece o protagonismo feminino e contribui para o desenvolvimento sustentável”.