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Acidentes domésticos podem aumentar no verão entre crianças

A maior parte dos afogamentos acontece em piscinas, banheiras, baldes e bacias, especialmente dentro de casa, por falta de supervisão adequada.

Imagem: Pixabay

O verão e as férias são um período de muita alegria e descanso para crianças, pais e responsáveis, mas que tem registrado números alarmantes de acidentes no Brasil, especialmente em relação a eventos evitáveis e a doenças típicas dessa estação. Em relação a afogamentos, a média no país é de que três crianças e adolescentes morrem por dia. Já acidentes domésticos e quedas são a principal causa de morte entre crianças de 1 a 14 anos no Brasil. Medidas preventivas simples podem evitar essas ocorrências trágicas, assim como doenças típicas da estação, como otites, conjuntivites e desidratação.

Conforme relata o pediatra Hamilton Robledo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, “os dados mostram que 90% dos acidentes e muitos problemas de saúde no verão são previsíveis. A atenção e os cuidados de pais e responsáveis fazem toda a diferença. Medidas simples, como supervisão e boas práticas, salvam vidas”.

 Números alarmantes de afogamentos – Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que analisou os registros de óbitos entre os anos de 2021 e 2022, o número de mortes por afogamento acende um sinal de alerta, uma vez que esse tipo de fatalidade é completamente previsível, mas continua a acontecer de forma frequente. No período analisado, foram mais de 2,5 mil vítimas fatais desse tipo de acidente, sendo a faixa etária mais vulnerável, de 1 a 4 anos (943 óbitos) e adolescentes de 15 a 19 anos (860 óbitos). A maior parte dos afogamentos acontece em piscinas, banheiras, baldes e bacias, especialmente dentro de casa, por falta de supervisão adequada.

Robledo recomenda que os bebês, a partir de seis meses, devem ser colocados na natação, se possível, como forma de preparar a criança e dar noção de como boiar ou se segurar na borda da piscina. Ele destaca também que as boias mais seguras são as que contornam o corpo e os braços da criança, não permitindo que afundem. “Em relação às viagens à praia, o uso de protetor solar e hidratação constante para evitar queimaduras e insolação, são muito importantes”, orienta.

Acidentes domésticos e quedas – De acordo também com a ONG Criança Segura, os acidentes domésticos causam mais de 3.300 óbitos e cerca de 112 mil internações, todos os anos, entre crianças de 1 a 14 anos no Brasil. Em relação às internações, as quedas são o motivo mais comum. Ocorrem do sofá, cama, janelas, lajes, parquinhos e tropeções na rua.

Grande parte dos acidentes acontece durante as férias escolares, nos finais de semana ou durante o verão. A maioria é registrada no final da tarde e começo da noite. “Durante os encontros de família nesta época do ano, ou entre amigos, os pais podem ficar mais distraídos, ainda mais se estiverem sob efeito de álcool”, adverte o pediatra. Nesse sentido, orienta, os pais devem combinar para sempre ter um deles de olho nas crianças”. O pediatra reforça ainda que crianças de 2 anos não têm medo e não possuem noção de perigo, além de serem curiosas, aventureiras e não possuem percepção ampliada do local onde estão.

 A seguir, ele aponta as doenças comuns no Verão e faz algumas recomendações, confira:

  • Desidratação e insolação – São preocupações recorrentes, principalmente devido às altas temperaturas e exposição solar prolongada sem hidratação adequada. Recomenda-se incentivar a ingestão de água. A quantidade varia com a idade: até 1 litro para bebês e até 2,4 litros para adolescentes.
  • Deve-se também evitar exposição ao sol entre 10h e 16h e usar sempre roupas leves, chapéus e protetor solar adequado, reaplicado a cada 2 horas após água ou suor. Escolha opções minerais de protetor para menores de 2 anos e aplique antes da exposição. Não esqueça de chapéus, óculos com proteção UV e sombra disponível.
  • Otite externa (infecção no ouvido) – Conhecida como “otite do nadador”, é comum após banhos de piscina e mar. Recomenda-se secar bem os ouvidos após nadar e, se necessário, usar tampões especiais.
  • Conjuntivite – Cloro de piscinas e alergênicos do mar podem irritar os olhos. Lavar com soro fisiológico após os mergulhos ajuda a prevenir.
  • Picadas de insetos – Utilize repelentes seguros para a faixa etária e roupas protetoras. Crianças ficam mais vulneráveis em áreas úmidas ou ao anoitecer.
  • Diarreia aguda – Geralmente causada por água ou alimentos contaminados, especialmente durante viagens. Atenção aos alimentos servidos aos pequenos para se evitar infecções intestinais. Evitar também o consumo de produtos de ambulantes e que não se saiba a qualidade e procedência. Sinais como cheiro azedo, ácido ou fermentado; aparência de manchas escuras, cinzentas ou amareladas, ou presença mínima de bolor, além de alterações no sabor e na embalagem indicam que o alimento deve ser descartado.
  • Afogamento – Piscinas e praias são focos de atenção. Instale barreiras em piscinas domésticas e supervisione sempre as crianças próximas à água. Aulas de natação desde cedo são recomendadas.
  • Acidentes domésticos – Colocar redes de proteção em janelas e sacadas. Mantenha produtos de limpeza e medicamentos fora do alcance e evite baldes ou recipientes com água, que podem causar afogamento.
  • Queimaduras e choques elétricos – Evite cabos de panelas expostos e proteja tomadas em casa. A supervisão constante ainda é a melhor forma de prevenir acidentes.
  • Alimentação saudável – Priorize frutas, legumes frescos e alimentos leves. Evite maioneses e laticínios fora de refrigeração, que aumentam o risco de intoxicação alimentar.
  • Telefones para Emergências – Em situações de acidentes, os pais podem ter dificuldade em se lembrar dos contatos para chamar ajuda. Vale salvar o contato do Corpo de Bombeiros e SAMU no celular ou adesivar na porta da geladeira – Corpo de Bombeiros: 193 e SAMU: 192

“Com atenção e os devidos cuidados, os pais devem aproveitar a estação para também incentivar as atividades físicas e controlar o excesso de telas, limitando-os a duas horas diárias. Brincadeiras ao ar livre combatem o sedentarismo, estimulam a socialização e constroem memórias fundamentais para a saúde física e emocional de crianças e adolescentes”, recomenda o especialista.

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