Aedes aegypti: cuidado com essa picada!
Imagem de Himas Rafeek por Pixabay
Nessa época, toda a atenção para a dengue, doença viral transmitida pelo mosquito aedes aegypti, que pode ser benigna ou grave, dependendo de alguns fatores, entre eles, o vírus envolvido, infecção anterior e fatores individuais como doenças crônicas (diabetes, asma brônquica, anemia falciforme). O vírus pertence à família dos flavivírus, sendo classificado no meio científico como um arbovírus. São conhecidos quatro sorotipos desse vírus: 1, 2, 3 e 4.
Conforme explica o Dr. Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, quem se infecta por um determinado sorotipo fica imune daquele sorotipo, mas fica susceptível aos três outros.
A transmissão se dá a partir da picada do aedes aegypti contaminado por um desses quatro sorotipos de vírus. Uma vez infectada, a pessoa pode apresentar febre dor de cabeça intensa, principalmente atrás dos olhos, dor abdominal e, eventualmente, muita dor no corpo e dor articular. Pode sentir também mal-estar, náusea e vômitos. Esses sintomas se manifestam principalmente nos primeiros cinco dias. Em cerca de 30% a 40% das pessoas contaminadas podem apresentar manchas pelo corpo ao longo desse período, que corresponde ao tempo em que o vírus está circulando na corrente sanguínea.
“Quem já foi infectado por um tipo de vírus e volta a ser contaminado por um segundo tipo, têm maior risco de desenvolver as formas que nós chamamos de hemorrágicas, caracterizada por uma dengue mais grave, com queda do número de plaquetas e sangramentos que podem acontecer em qualquer parte do corpo, inclusive no cérebro, que correspondem aos quadros clínicos mais graves” observa o médico, que é também infectologista dos hospitais Vera Cruz, Life Center e Baleia em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Segundo informa, geralmente as crianças são mais afetadas, bem como pessoas em situação mais vulnerável, que residem em locais onde há uma maior concentração de mosquitos e com saneamento inadequado, onde a coleta de lixo não chega de forma frequente. Tais ambientes são propícios à procriação do mosquito. Isto significa que as populações carentes são as mais vulneráveis, particularmente as crianças que, quanto mais jovens correm maior risco de desenvolver as formas mais graves da doença. Da mesma forma, os idosos, acima 60 anos, são mais suscetíveis.
Reinfecção – De acordo com o médico, a dengue hemorrágica é uma complicação de uma reinfecção por um sorogrupo diferente do vírus da dengue. “Como eu disse, nós temos quatro sorotipos ou grupos de vírus. Quem foi infectado por um determinado tipo de vídus tem imunidade e produção de anticorpos para esse sorotipo. A infecção por um segundo soro grupo vai gerar também uma resposta imunológica e anticorpos para esse segundo sorotipo. Os anticorpos formados pelo primeiro vírus reagindo ao segundo vírus provoca uma outra resposta imunológica do organismo ainda mais exacerbada, que gera um processo inflamatório intenso, agregação de plaquetas e maior permeabilidade dos nossos vasos sanguíneos, tendo como consequência os fenômenos hemorrágicos”.
Felizmente, acrescenta, “em breve nós teremos uma vacina que evita até 75% a 80% das formas graves da dengue. Ela já foi aprovada pela ANVISA e deverá estar disponível no sistema público e, provavelmente também, no privado. Certamente, ela vai contribuir muito com as demais medidas necessárias ao controle da doença, como o combate ao vetor e ao ambiente propício para procriação do mosquito, ou seja, a água”
De acordo com o Dr. Carlos Starling, essas estratégias – que não são farmacológicas, são fundamentais no combate à dengue, agora, fortalecida por esta nova vacina. Para o infectologista, o bom combate ao mosquito é fundamental na prevenção da dengue. Ele envolve o combate aos reservatórios onde esses mosquitos procriam, como vasos de plantas e lixo jogado de forma inadequada no ambiente. Esses locais tendo uma pequena quantidade de água, é suficiente para que o mosquito procrie. Então, esse tipo de intervenção é muito importante, da mesma forma que o uso de repelentes.
Se as pessoas tiverem frequentando uma região onde há uma grande concentração de casos de dengue, o uso de repelentes é absolutamente fundamental para evitar que a pessoa seja picada pelo aedes aegypti e adquira a doença. Outra forma se prevenção, destaca, é o uso de roupas claras, camisa de manga e calças compridas. Tudo isso ajuda, observa, ao explicar que a chikungunya é uma outra arbovirose, transmitida pelo aedes aegypti e que provoca uma doença diferente da dengue. Ambas têm em comum febre, mal-estar e dor de cabeça, mas a chikungunya tem uma característica a mais: a dor óssea e muscular intensa, que acaba fazendo que o indivíduo se curve.
O nome a doença chikungunya significa, num dialeto africano, entrevado. A dor muscular é tão intensa que faz com que o indivíduo altere a sua posição e fique curvado. A forma mais grave da doença pode gerar encefalite miocardite.
Segundo o Dr. Carlos Starling, aproximadamente 10% das pessoas vão ter uma chikungunya longa, com dores articulares recorrentes muito parecidas com artrite reumatoide.
Geralmente, essas pessoas acabam tendo que se afastar por um período do trabalho por incapacidade, podendo chegar a meses e até anos. Algumas costumam não recuperar, então é uma doença extremamente grave, com uma morbidade muito grande.
A prevenção, informa o médico, é muito semelhante ao da dengue. Infelizmente a chikungunya não tem vacina. Há estudos, mas ainda vai demorar um tempo para terem resultados.
