Em FocoÚltimas Matérias

Atividade física após cirurgia de prótese de quadril

Dr. Lafayette Lage: “a prática de exercícios é fundamental para o processo de reabilitação, mas é preciso considerar a condição de cada paciente e a prótese utilizada na cirurgia”.

A prática de exercícios físicos é algo recomendado pelos médicos como parte da reabilitação dos pacientes após a artroscopia do quadril (cirurgia de colocação de uma prótese metálica ou substituição da articulação). O problema costuma atingir pessoas em diferentes faixas etárias, mas, normalmente, afeta mais os idosos e os esportistas (estes têm 10 vezes mais chance de precisar de uma prótese de quadril do que os não esportistas). 

O processo de recuperação dos pacientes que realizam esta cirurgia costuma ser de aproximadamente 4 meses, dependendo de cada caso, explica o Dr. Lafayette Lage, médico ortopedista, de São Paulo/SP, pioneiro em artroscopia do quadril em 1993 e, também, da prótese de Resurface de quadril em 2003 no Brasil. Neste caso, ressalta, a prática de exercícios é fundamental para o processo de reabilitação, mas é preciso considerar a condição de cada paciente e a prótese utilizada na cirurgia.

As próteses de quadril são dispositivos médicos específicos para substituir uma articulação de quadril lesionado ou desgastado, geralmente devido a condições como necrose (infarto da cabeça do fêmur), vários tipos de artrite (doenças autoimunes), má formação do quadril no nascimento, pequenas deformidades anatômicas levando ao desgaste precoce, principalmente nos atletas (artrose secundária ao impacto do quadril), sequelas de infecção com destruição da cartilagem, sequelas de  fraturas mal consolidadas da bacia por acidentes e fraturas do fêmur proximal (cabeça e ou colo do fêmur), principalmente em idosos e portadores de osteoporose  (perda da massa óssea).

Elas são utilizadas para aliviar a dor, melhorar a função e restaurar a mobilidade nas pessoas que enfrentam problemas articulares graves. No caso de fratura nos idosos, ela chega a ser absolutamente necessária. Porém, apenas 25% destes pacientes mais debilitados voltam a andar sem auxílio de muletas, devido à fraqueza muscular antes da queda e má reabilitação. É considerada a melhor cirurgia da medicina, perdendo apenas para a cirurgia da catarata.

Um estudo realizado pela revista HIP Internacional da Sociedade Européia de Quadril, em 2020, revelou a eficácia das próteses do tipo Resurfacing, mediante o seguimento de 11,3 mil pacientes com este tipo de prótese, com menos de 50 anos, em 13 países. De acordo com a pesquisa, a sobrevida desse tipo de componente metálico é incomparável a qualquer outra prótese para pacientes desta faixa etária que costumam ser mais ativos. Curiosamente, também se descobriu que os pacientes portadores das próteses de Resurfacing vivem mais, provavelmente, por levarem uma vida mais saudável.

Os exercícios indicados para ambos os tipos de prótese são os de fortalecimento global da musculatura da cintura pélvica, coluna lombar, abdome e membros inferiores, devendo evitar elevar o membro inferior operado esticado contra a gravidade quando estiver deitado, pois isso pode causar uma inflamação na virilha denominada de bursite do músculo ileopsoas.

Numa fase mais adiantada do tratamento, após cerca de 120 dias, tempo necessário para a osteointegração do componente metálico na bacia, exercícios mais extenuantes começam a serem feitos, como se equilibrar sobre uma bola ou plataforma de equilíbrio para ganho de propriocepção e melhoria dos reflexos para evitar quedas. Estes exercícios mais intensos e difíceis são prescritos, principalmente, para atletas.

Para a volta das atividades normais, o Dr. Gabriel Ganme, médico do esporte, de São Paulo/SP, recomenda “passos de bebê”: “o paciente vai progressivamente fazer atividades que está acostumado, acompanhado de um fisioterapeuta em contato com o médico. Existe um limite articular. A parte da articulação está resolvida na cirurgia, mas a cicatrização de partes moles, músculos e tendões que foram mexidos, leva um tempo. Existe uma tremenda atrofia muscular que precisa ser recuperada”, enfatiza.

Sendo ele próprio portador de duas próteses de quadril, o Dr. Ganme afirma que estar com músculos fortalecidos previamente à cirurgia pode favorecer muito a recuperação. Hoje ele também é atleta de endurance (maratonas de longa distância), além de praticante de mergulho e snowboard.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo