Campanha de Prevenção de Acidentes com Fogos de Artifício
O ortopedista Antônio Tufi Neder: “muitos pacientes dão entrada nos prontos-socorros de nossos hospitais com lesões gravíssimas”
A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT lançou uma campanha de prevenção de acidentes com fogos de artifício que, usados nas festas juninas, foram responsáveis por 122 óbitos, sendo 48 mortes no Nordeste, 41 na Região Sudeste, 21 no Sul, e Norte e Centro-Oeste, com 12 vítimas fatais. Esses dados são referentes a 2011, mas é provável que haja subnotificação e os dados atuais sejam ainda muito maiores.
Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina, entre 2008 e 2016 houve 4,5 mil internações em todo o país devido a acidentes com fogos de artifício. Assim, todo cuidado é pouco ao manuseá-los.
De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Minas Gerais, Dr. Antônio Tufi Neder, o número de pacientes hospitalizados com queimaduras causadas por fogos triplica no mês de junho, quando realizam-se as tradicionais festas de Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06).
Em Minas Gerais, observamos que nesta época “muitos pacientes dão entrada nos prontos-socorros de nossos hospitais com lesões gravíssimas, que vão desde queimaduras até mesmo a amputações de mão devido ao manuseio inadequado de fogos de artifício. A pessoa que estava pronta para se divertir, após um acidente de segundos, tem uma lesão grave e sua vida é modificada para sempre”, destaca o ortopedista.
Entre os acidentes, um dos mais perigosos é decorrente da chamada “Guerra de espadas”, que ocorre há 150 anos em Senhor do Bonfim e Campo Formoso, na Bahia. A espada é feita com bambus recheados de pólvora e limalha de ferro. Se bem preparada, pode gerar explosões que lançam detritos incandescentes a até 100 metros de distância, queimando quem é atingido, ressalta o Dr. Antônio Tufi.
Em Minas, “os principais problemas causados pelos fogos são perda de dedos ou mesmo da mão, por explosões prematuras, além das queimaduras, que comprometem a córnea e podem levar à perda da visão, bem como as lesões auditivas” frisa.
Crianças e Adolescentes – Dr. Antônio Tufi Neder lembra que embora haja legislação vedando a manipulação de fogos por menores de 18 anos, a lei não é obedecida. Em recente levantamento, 23,8% dos acidentados atendidos pelos ortopedistas foram menores de 18 anos, mas a faixa mais atingida é de pessoas entre 19 e 59 anos, onde se concentram 45,2% dos acidentes. Mesmo idosos, com mais de 60 anos, são vítimas frequentes, pois nessa faixa etária ocorrem 28,8% dos acidentes.
Dicas de Segurança:
· Não compre fogos de artifícios clandestinos, na maioria das vezes não são testados. Esses fogos são vendidos de forma avulsa e não trazem as orientações do fabricante na embalagem.
· Sigas as dicas do fabricante e peça orientações de como proceder no momento da compra do artefato.
· Observe atentamente a data de validade do produto.
· Compre artefatos que venham com a base para encaixar no suporte dos fogos de artifício, para que seja possível colocar no chão. Dessa forma, não é preciso segurá-los
· Nunca deixe crianças soltar fogos.
· Nunca manuseie fogos sob efeito de álcool. A distância para explodir os fogos com segurança é de 30 a 50 metros de pessoas, edificações e carros.
· Observe a rede elétrica e nunca solte fogos na direção da mesma.
· Se os fogos não estourarem, não tente reaproveitá-los. Molhe-os para apagar o pavio e evitar acidentes e leve na loja em que comprou para trocá-los, ou chame o Corpo de Bombeiros.
· Se for guardar fogos de artifício em casa, deixe-os em um local seco e longe de fogões, isqueiros e do acesso de fumantes.
· Em caso de queimaduras, o local queimado deve ser lavado com água corrente e enrolado num pano ou toalha limpa. Procure o Pronto Socorro mais próximo de você.
· Não utilize creme dental em queimaduras. Não funciona.