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Câncer em jovens é um desafio crescente no Brasil

Em 2025 o país deve registrar cerca de 700 mil novos casos no geral, com maior incidência de câncer de mama e intestino

Foto: Freepik

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que em 2025 o país registrará cerca de 700 mil novos casos de câncer, com os tumores de mama se mantendo como o mais comum entre mulheres e o de próstata entre os homens. Nódulos de intestino vêm também registrando crescimento preocupante, inclusive entre adultos jovens.

“Quando ampliamos o mapa e analisamos a América Latina o cenário é igualmente alarmante”, ressalta o Dr. Thiago Jorge, Coordenador do Setor de Tumores Gastrointestinais do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo/SP. Estudos do Global Cancer Observatory, vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que o câncer colorretal é responsável por 15% da incidência da doença em pessoas com menos de 50 anos na região.

De acordo com o Dr. Thiago, “os tumores de intestino têm aparecido em idades cada vez mais precoces, e isso é um dado alarmante. Muitas vezes, o diagnóstico é feito de forma tardia porque ainda há uma percepção equivocada de que jovens não estão suscetíveis a esse tipo de doença. O oncologista ainda ressalta que tumores de pâncreas, fígado e nas vias biliares também têm se tornado mais comuns nos últimos anos e merecem ter uma atenção geral da população.

Histórico familiar, obesidade, sedentarismo e alimentação rica em ultraprocessados estão entre as principais causas atribuídas ao crescimento de casos. Além disso, a exposição prolongada a poluentes, microplásticos, resíduos tóxicos e substâncias químicas presentes em pesticidas, por exemplo, está cada vez mais associada a alterações genéticas e ao surgimento de tumores.

 “O impacto do ambiente, combinado com hábitos pouco saudáveis, cria um cenário ainda mais desafiador para o controle e a prevenção do câncer na população jovem”, completa o oncologista.

No caso do câncer de mama em mulheres jovens, o impacto é ainda mais significativo. “Embora as campanhas de rastreamento estejam bem estabelecidas para mulheres acima de 40 anos, ainda há um desconhecimento sobre a relevância de diagnosticar o câncer de mama em pacientes mais jovens. É essencial desmistificar a ideia de que esse tipo de tumor não pode acometer mulheres antes dos 40, sendo necessário, assim,  ampliar o acesso a tecnologias diagnósticas para esse público”, observa o Dr. Pedro Exman, coordenador do Grupo de Tumores de mama e ginecológicos do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

A identificação precoce da doença é um divisor de águas. “Quando o câncer é descoberto em seus estágios iniciais, o tratamento pode ser mais eficaz e menos agressivo, preservando a qualidade de vida da paciente”, reforça o médico.

Apesar de avanços em algumas áreas, como o acesso a mamografias gratuitas no Brasil e a ampliação de testes preventivos para câncer colorretal, especialistas destacam que a América Latina ainda enfrenta desafios estruturais significativos no combate à doença.

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